O encarregado de Negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, sugeriu a criação de um grupo de trabalho para discutir possíveis parcerias entre Brasil e Estados Unidos no setor de minerais críticos e estratégicos, com foco nas terras raras.
A proposta foi apresentada durante reunião entre o diplomata, representantes de mineradoras e o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).
A informação foi confirmada pelo Ibram.
A interlocução para que o governo brasileiro avalie a proposta será conduzida pelo Ibram e pela Embaixada dos EUA.
Enquanto isso, o Ibram irá discutir, junto às mineradoras associadas, oportunidades de investimento na produção mineral que possam receber eventuais aportes de capital norte-americanos.
Novos encontros entre representantes dos EUA e da mineração brasileira estão previstos ainda para 2025.
No início de dezembro, está programado um encontro nos Estados Unidos, promovido pela embaixada brasileira nos EUA em parceria com o Ibram.
Escobar realizou uma série de reuniões com mineradoras que atuam no país, em busca de possíveis acordos na área de minerais críticos e estratégicos.
O próprio diplomata confirmou a informação à imprensa.
Os encontros ocorreram na última terça-feira e na manhã desta quarta-feira.
As conversas ocorrem dias após o encontro entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva.
Um possível acordo para o fornecimento seguro de terras raras aos Estados Unidos é tema central nas negociações comerciais no contexto do “tarifaço” imposto por Washington.
A articulação ganhou ainda mais força após a China restringir a exportação desses insumos.
Apesar de o recurso estar relativamente bem distribuído pelo planeta, a China domina quase toda a cadeia de produção— do refino à fabricação de componentes de alto valor agregado.
Atualmente, cerca de 60% da mineração global ocorre em território chinês.
O dado mais preocupante, no entanto, está no processamento: 91% de todo o refino mundial é feito por empresas chinesas, que também produzem 94% dos ímãs permanentes usados em turbinas, motores e equipamentos de defesa.
A IEA (Agência Internacional de Energia) classificou essa concentração como um risco geopolítico severo, alertando que o domínio chinês permite a Pequim influenciar preços, controlar o acesso de países concorrentes e definir o ritmo de avanço de tecnologias estratégicas, como semicondutores, veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia.
Para Washington, o tema é especialmente sensível: a supremacia militar e tecnológica dos EUA pode ser ameaçada se a China ampliar o controle sobre insumos essenciais a setores de defesa, inteligência artificial e energia limpa.
É nesse contexto que o Brasil ganha destaque.
O país detém a segunda maior reserva de terras raras do mundo, mas ainda produz e refina quase nada.
Não há um marco regulatório específico para o setor, e a cadeia produtiva é incipiente. Mesmo assim, empresas ocidentais já começaram a adquirir projetos e realizar pesquisas e mapeamentos geológicos em território nacional.
Paralelamente, o governo federal criou o Conselho Nacional de Política Mineral, responsável por formular diretrizes para a exploração sustentável e estratégica desses recursos.
Na Câmara dos Deputados, avança o debate sobre a Política Nacional de Minerais Críticos.

