Após captação líquida de R$ 60,7 bilhões, o patrimônio líquido dos fundos de investimento brasileiros cresceu 10,1% em 2024 na comparação com o ano anterior, alcançando R$ 9,2 trilhões, o maior patamar da história no fechamento de um ano. Dados divulgados nesta terça-feira (07) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostram que a renda fixa foi o grande motor de captação da indústria no ano.
O mercado brasileiro fechou dezembro com 31.761 fundos de investimento (alta de 2,7% na comparação anual), 1.037 gestores (+4,4%).
“A renda fixa foi a locomotiva” que puxou o resultado positivo de 2024, define Pedro Rudge, diretor da Anbima. Foram R$ 243 bilhões captados pelos fundos que investem na classe até dezembro.
Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) tiveram captação líquida de R$ 113,5 bilhões, seguidos por fundos de previdência (R$ 34,7 bilhões) e FIPs (Fundos de Investimento em Participações), que captaram R$ 34,6 bilhões.
Na ponta negativa, os multimercados sofreram resgate relevante de R$ 356,7 bilhões, em um movimento que Rudge classifica como pulverizado, ou seja, afetou todo o segmento. Investidores resgataram R$ 1 bilhão de ETFs (Fundos de Índice) em 2024.
Renda fixa em alta
Os títulos públicos seguem como os mais relevantes no patrimônio dos fundos que investem em renda fixa, mas perdem, a cada ano, espaço para o crédito privado. Em dezembro de 2020, 51,3% do patrimônio da classe estava investido em títulos públicos e 8,9% em papéis como debêntures, CRIs e CRAs. A Anbima mostra que 2024 termina com participação de 43,9% de títulos federais e 16,4% do crédito privado.
Além disto, o número de fundos que investem em crédito privado subiu de 1.389 em novembro de 2023 para 2.070 no fechamento de novembro do ano passado. “É uma resposta dos agentes de mercado ao cenário de juros mais altos”, diz Rudge, que completa: “os investidores vêm demandando esses produtos, o que leva as gestores a lançarem novas estratégias”.
Outro produto que se destacou foram os fundos de debêntures incentivadas, que tinham patrimônio líquido de R$ 68,4 bilhões em janeiro e terminam novembro com R$ 186,4 bilhões. O número de fundos desse tipo explodiu de 456 para 1.201 no período.
Multimercados e fundos de ações
Em mais um ano decepcionante, os fundos que investem em diversas classes de ativos entregaram rentabilidade abaixo do CDI, com exceção do segmento que foca no exterior. O resgate líquido de R$ 356,7 bilhões em 2024 “talvez” tenha nesse dado “uma das explicações para a saída desses fundos, já que a performance não está como a esperada”, diz Pedro Rudge.
Já os fundos de ações “tiveram um período difícil com o Ibovespa caindo 10,4%, em um ambiente desafiador”, segundo o diretor da Anbima. Nesse ambiente desafiador, nenhuma categoria da classe entregou rendimento médio acima do CDI, com fundos que investem em small caps acumulando o pior desempenho: -22%.
Sobre os multimercados, Rudge diz que “em algum momento (de 2025) devemos ver reversão (do resgate líquido) porque há fundos que estão performando bem. A volta será mais rápida se enxergamos uma aversão menor ao risco, mas quando os gestores conseguirem estabilizar a performance e a previsibilidade da economia do País melhorar, devem receber investimentos.