O Ibovespa fechou acima dos 140 mil pontos pela primeira vez na história, renovando a máxima pelo segundo dia consecutivo, impulsionado por um relatório do Morgan Stanley divulgado nesta terça-feira (20), virando o sinal da bolsa, que caia durante o dia.
O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, fechou em alta de 0,34% a 140.109,63 pontos. Esse patamar nunca foi visto antes na história no fechamento do pregão e supera o valor de 139.636 alcançado na segunda-feira (19).
Já o dólar à vista subiu 0,23%, a R$ 5,6677 na venda, com investidores ajustando posições após o recuo da véspera, em meio a preocupações com o déficit fiscal dos Estados Unidos.
No relatório divulgado pelo Morgan Stanley, o banco projeta que o Ibovespa alcance os 189 mil pontos em meados de 2026, além de indicar a recomendação “overweight” para o Brasil.
“Elevamos o Brasil para OW e adicionamos serviços financeiros, empresas estatais, serviços públicos e concessões. O Brasil poderia se beneficiar de uma mudança na política interna e de incentivos para ganhar exposição ao comércio”, escreveram os analistas do Morgan Stanley.
Os movimentos do real neste pregão tinham como pano de fundo as variações modestas da divisa dos EUA no exterior, com o dólar perto da estabilidade ante pares fortes, como o euro e o iene, e emergentes, como o peso mexicano e o peso chileno.
Contexto internacional
Após as quedas acentuadas da moeda dos EUA na véspera, investidores pareciam estar evitando fazer grandes apostas, à medida que aguardam novidades sobre os temas que têm orientado as negociações recentemente, como as negociações comerciais dos EUA e preocupações com a dívida do governo norte-americano.
Sobre o comércio, os mercados aguardam o anúncio de novos acordos tarifários pelo presidente Donald Trump, conforme parceiros dos EUA buscam reduzir de forma permanente as altas tarifas anunciadas em 2 de abril.
A maior economia do mundo já alcançou acordo com o Reino Unido e uma trégua com a China.
Em relação à questão fiscal, o foco está em torno das discussões sobre uma legislação tributária no Congresso dos EUA, que, caso aprovada, estenderia os cortes de impostos promulgados por Trump em 2017 e acrescentaria trilhões de dólares à dívida do governo.
Na segunda-feira, o rebaixamento da nota de crédito dos EUA que havia sido anunciado pela agência Moody’s na sexta acirrou preocupações com o cenário fiscal da maior economia do mundo, levando agentes financeiros a se desfazerem de algumas posições compradas no dólar.
“A preocupação de que o governo norte-americano e o Congresso não vão buscar reequilibrar suas contas fiscais tem trazido uma certa fuga de ativos norte-americanos, e isso ontem beneficiou praticamente todos os ativos arriscados”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Cenário nacional
No Brasil, o dólar à vista fechou em baixa de 0,25%, a R$ 5,6549, recuando pela segunda sessão consecutiva.
Nesta manhã, o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,04%, a 100,390.
“As coisas estão muito próximas da estabilidade, sem muita movimentação. Me parece uma acomodação depois de ontem, sendo natural que haja espaço para correção em um momento como esse”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Na cena doméstica, as atenções se voltarão a possíveis repercussões de um encontro entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, às 14h.
Haddad disse na segunda que já encaminhou um conjunto de medidas fiscais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que terá uma série de reuniões sobre o tema ao longo da semana.
Já Galípolo fez comentários na véspera que sustentaram os ganhos do real na sessão, defendendo que a autarquia mantenha a taxa de juros em nível restritivo por um tempo mais prolongado do que o usual.