O Ibovespa fechou em queda de 0,32% nesta quarta-feira (2), aos 120.858 pontos, acompanhando em parte seus pares internacionais, em um dia de aversão ao risco e com investidores aguardando a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que sai após o fechamento.
Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 0,98%, 1,38% e 2,17%. Por lá, investidores repercutiram o fato de a Fitch ter rebaixado o rating dos Estados Unidos de AAA para AA+ com perspectiva estável na véspera. A casa citou deterioração da governança, principalmente no que tange questões fiscais e dívidas.
“O Ibovespa acompanhou os pares internacionais, pressionados pelo sentimento de aversão ao risco, inicialmente provocado pela decisão da Fitch de rebaixar o rating soberano americano, mas que se amplificou com a forte criação de empregos no setor privado em julho, o que poderia induzir o Fed a continuar aumentando os juros”, comenta Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. Contudo, cabe destacar que o movimento foi bem mais contido em relação aos seus pares americanos.
Hoje, ainda nos Estados Unidos, a pesquisa ADP de empregos privados trouxe a criação de 324 mil vagas em julho, contra 189 mil do consenso.
“A possibilidade de extensão do ciclo de aperto monetário elevou os yields dos treasuries, que trouxe pressão adicional sobre as ações de tecnologia na Nasdaq”, acrescenta Nishimura.
O dólar, por sua vez, ganhou força mundialmente, com o DXY, que mede sua força frente a outras divisas de países desenvolvidos, avançando 0,30%, aos 102,61 pontos. Frente ao real a alta foi de 0,33%, a R$ 4,805 na compra e a R$ 4,806 na venda.
No Brasil, investidores monitoram ainda a decisão do Copom, com o mercado dividido entre operadores de mercado que esperam uma queda de 50 pontos-base ou economistas que projetam uma baixa de 25 pontos.
“Apesar de essa aversão a risco no exterior, tivemos devolução de altas na curva de juros brasileira, na expectativa justamente da reunião do Copom. Se, de fato, tiver o início de um ciclo de flexibilização, e se esse ciclo vier de maneira mais agressiva do que se pressupõe a gente pode ter espaço para ainda encerrar essa semana muito bem”, fala Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
A curva de juros brasileira recuou praticamente em toda sua extensão, com exceção do DI para 2024, que ganhou dois pontos, a 12,64%. Os contratos para 2025 e 2027 perderam, respectivamente, um ponto e oito pontos, a 10,67% e 10,08%. As taxas dos DIs para 2029 foram a 10,45%, com menos sete pontos, e as dos DIs para 2031, a 10,67%, com menos sete pontos.
Entre as maiores altas do Ibovespa, ficaram, com isso, companhias ligadas ao mercado interno. As ações ordinárias da Cogna (COGN3) subiram 3,31%, as da Cyrela (CYRE3), 2,47%, e as da Lojas Renner (LREN3), 1,88%.
Quem pesou do lado foram as exportadoras de commodities, sofrendo com as perspectivas de que a atividade econômica mundial está mais fraca. As ações ordinárias da Vale (VALE3), por exemplo, perderam 1,63%.
*Com informações Infomoney