A Bolsa brasileira fechou em alta nesta segunda-feira (9), apesar do clima de cautela que se instalou em parte dos mercados internacionais por conta da deflagração da guerra entre Israel e o Hamas – que fez o índice cair por boa parte do dia.
O Ibovespa subiu 0,86%, aos 115.156 pontos, tendo virado para o positivo por volta das 14h (horário de Brasília). De um lado, companhias mais ligadas ao mercado interno caíram, por conta da projeção de que os juros devem ficar em patamares elevados por mais tempo. Do outro, petroleiras deram sustentação ao principal índice brasileiro.
Em Nova York, os principais índices também fecharam em alta. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram, respectivamente, 0,59%, 0,63% e 0,39%, após também terem caído durante boa parte do dia.
O VIX, considerado o “índice do medo”, chegou a disparar quase 7%, mas ao longo da segunda-feira o clima de temor foi dissipando e a sua alta no final do dia foi bem menor – de 1,43%, aos 17,70 pontos.
Segundo Alex Carvalho, analista da CM Capital, o que amenizou o medo de investidores foi a notícia de que o Hamas busca uma possível trégua, após já ter “alcançado seus objetivos”.
“Enquanto não há clareza sobre o real efeito do conflito Hamas-Israel sobre a economia mundial, os investidores se focaram no que tem impacto imediato, superando o movimento inicial de aversão ao risco que provocou as perdas iniciais nas bolsas. A princípio, enquanto não se trabalha com uma ampliação do conflito, o impacto sobre os preços se limitou sobre o que se tem maior certeza, com destaque para o petróleo. A commodity disparou, uma vez que as tensões se concentram colada aos grandes produtores”, fala Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, comenta que ainda é muito cedo para entender as repercussões da guerra.
“Temos de colocar em contexto o conflito na Ucrânia, que se arrasta por mais de um ano. A disputa entre Israel e Hamas deve ter uma exaustão mais rápida. Na Rússia, Moscou está a mais de 1200 quilômetros de Kiev. Já em Israel, a guerra deve ser mais curta, mas custosa, já que as áreas são bem grudadas”, fala.
Para ele, o que fica em xeque é uma possível entrada do Irã no conflito, país que possivelmente financiou o Hamas para a guerra. A possível escalada é o que justificou também a alta do petróleo, com o Brent avançando 4,02%, a US$ 87,98. Conforme o tempo for passando e ninguém aderir ao movimento do Hamas, contudo, o clima deve ir mudando.
“Israel não é um grande produtor da commodity mas pelo estreito de Ormuz passa 20% da produção mundial de petróleo. É natural a alta. Se a guerra escalar, possivelmente veremos mais altas e, a partir daí, um choque inflacionário”, comenta Lima. “Mas é muito cedo para vermos as repercussões. Se escalar, piora a questão da inflação nos Estados Unidos e possivelmente teremos uma política monetária mais dura”.
*Com informações Infomoney