Após a queda histórica das bolsas japoneses, índices ao redor do mundo são contaminados pela incerteza global com relação a economia dos EUA e uma possível recessão no país.
Na Europa, ações caíam para mínimas de quase seis meses, em meio a uma venda global de papéis. Às 9h00, no horário de Brasília, o índice STOXX 600 recuava 3,24%, para 481,77 pontos.
O DAX da Alemanha, o CAC 40 da França, o FTSE da Grã-Bretanha e o IBEX 35 da Espanha caíram mais de 2%.
Ações de energia eram as mais atingidas depois que os preços do petróleo caíam 1%, uma vez que os temores de recessão dos EUA compensaram as preocupações com a oferta no Oriente Médio.
As ações financeiras também eram atingidas. Bancos perdiam 3%, serviços financeiros caíam 2,8%, enquanto o setor de tecnologia recuava 2,1%.
O temor global começou na sexta-feira (2), quando um relatório fraco sobre criação de empregos nos EUA em julho gerou preocupações nos investidores sobre a saúde da economia norte-americana, estimulando um sentimento de risco generalizado.
As ações dos EUA já haviam encerrado a sexta-feira em baixa.
O Dow fechou 1,5% mais baixo, o S&P 500 perdeu 1,8% e o Nasdaq Composite caiu 2,4%. O Nasdaq fechou em território de correção, ou mais de 10% abaixo de sua máxima mais recente em 10 de julho.
O mercado deve ficar de olho na abertura dos índice americanos, que acontece às 9h30, no horário de Brasília.
Ásia e Oceania
Na Ásia, o índice Nikkei 225 das principais ações em Tóquio perdeu impressionantes 4.451 pontos, sua maior queda na história. O índice fechou com queda de mais de 12%, levando suas perdas desde o início de julho para 25% e entrando em território de mercado de baixa.
O Taiex de Taiwan fechou em queda de 8,4%, seu pior dia de todos os tempos, enquanto o Kospi da Coreia do Sul fechou em queda de 8,8%.
O S&P/ASX 200 da Austrália perdeu 3,7%. O Hang Seng Index de Hong Kong e o Shanghai Composite da China caíram 2,3% e 1,3%, respectivamente.
Nos EUA
Os futuros do Nasdaq caíam mais de 4%, enquanto os futuros do S&P 500 caíam cerca de 3% antes da abertura do pregão dos EUA, um movimento de queda das ações que começou no Japão e espalhou um mar vermelho pelos mercados europeus.
O índice de volatilidade da CBOE, conhecido como o medidor de medo de Wall Street, que acompanha a turbulência do mercado, saltou mais de 30 pontos para 53,55, o nível mais alto desde 31 de março de 2020.
Buscando portos seguros
Os investidores terão uma leitura do emprego no setor de serviços nos EUA a partir da pesquisa ISM nesta segunda-feira (5), e os analistas esperam uma recuperação para 51,0 após a queda inesperada de junho para 48,8.
Esta semana, os lucros da Caterpillar e da gigante da mídia Walt Disney darão mais informações sobre o estado do consumidor e da indústria nos EUA. Também serão divulgados os resultados de pesos pesados do setor de saúde, como a fabricante de medicamentos para perda de peso Eli Lilly.
A enorme queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro ofuscava o habitual apelo do dólar como um porto seguro, e a moeda norte-americana tinha queda de 0,5% em relação a uma cesta de outras moedas importantes.
“A mudança nos diferenciais das taxas de juros esperadas em relação aos EUA superou a deterioração do sentimento de risco”, disse Jonas Goltermann, economista-chefe adjunto de mercados da Capital Economics.
“Se a narrativa da recessão se consolidar de fato, esperamos que isso mude e que o dólar se recupere, já que a demanda por portos seguros se tornará o principal impulsionador dos mercados de câmbio.”
Os investidores também aumentaram as apostas de que outros bancos centrais importantes farão flexibilizações mais agressivas, com o Banco Central Europeu sendo visto agora cortando 67 pontos-base até o Natal.