Enquanto aguardam as medidas do pacote fiscal a ser anunciado pelo governo, economistas do mercado fazem cálculos sobre o tamanho necessário de cortes para estancar a piora na percepção de risco sobre o Brasil. Para a equipe do Itaú Unibanco, esse valor é de no mínimo R$ 35 bilhões com efeitos apenas em 2026.
Segundo análise do banco, os riscos fiscais no Brasil estão elevados em função de três fatores principais. O primeiro deles, o crescimento das despesas obrigatórias acima do limite do arcabouço fiscal, o que impedirá o cumprimento da regra até 2026.
Em segundo lugar, os economistas apontam preocupação com a decisão do presidente Lula em aumentar a isenção do imposto de renda para até R$ 5 mil, o que se tornaria um “risco fiscal relevante”. E por último, o que o time do Itaú chamou de “criatividades contábeis”, que estão “minando a transparência” sobre o resultado e o controle dos gastos. Ainda citam a volta dos estímulos parafiscais contribuindo para piora da percepção de risco.
Para 2025, o Itaú conta com os R$ 25 bilhões já anunciados como resultado do pente-fino sobre as concessões de benefícios sociais, valor que pode ser alcançado com “sucesso” das medidas adotadas. Portanto, para que o governo consiga cumprir o arcabouço até o final do mandato, seriam necessários pelo menos R$ 60 bilhões de ajuste. Para isso, o crescimento das despesas com a previdência e o BPC teriam que reduzir significativamente no período.
“Julgamos que o pacote pode ser uma oportunidade para reduzir os receios quanto à iniciativas onerosas do ponto de fiscal, podendo, por exemplo, garantir que novas políticas públicas (como o programa “pé-de-meia”) e a expansão de políticas existentes (como o programa“vale-gás”) sejam contabilizadas de forma transparente e sujeita às regras fiscais vigentes”, diz a análise publicada pelo Itaú Unibanco.
Indecisão
Nesta sexta-feira (08), Lula terá uma nova reunião com ministros para discussões sobre os planos de Fernando Haddad. Os encontros estão mais para embates do que para debates, segundo apuração do blog. Com ministro da Fazenda cada vez mais pressionado, a falta de decisão do presidente Lula alimenta receio de que o governo não fará o mínimo necessário para equilibrar as contas e controlar o endividamento público.
Desde abertura dos negócios o dólar está em forte alta, chegando a subir mais de 2% no início da tarde, cotado a R$ 5,79. A bolsa de valores também tem um dia negativo, com queda das ações e aversão ao risco. Com as incertezas no cenário externo, a demora do governo em conter a crise de confiança sobre o Brasil vai aumentando o custo do arranjo macroeconômico do país.