A mineradora australiana Viridis Mining and Minerals, dona de um projeto de terras raras em Minas Gerais, anunciou a suspensão voluntária da negociação de suas ações na Bolsa da Austrália após o MPF (Ministério Público Federal) recomendar a suspensão da análise do processo de licenciamento ambiental do Projeto Colossus.
A empresa informou que a suspensão passa a valer imediatamente e seguirá até o dia 1º de dezembro ou até que ela envie à bolsa as respostas sobre o questionamento de preço e volume e sobre o andamento da Licença Prévia.
O objetivo da medida é garantir tempo para preparar e divulgar um comunicado relevante sem a pressão de oscilações no preço das ações.
Antes do pedido de suspensão, os papéis da companhia chegaram a registrar queda de 30%, após as recomendações do MPF relacionadas ao licenciamento.
“A suspensão voluntária é solicitada enquanto a Companhia prepara uma resposta a um questionamento sobre preço e volume recebido pela bolsa, bem como diante de especulações na mídia sobre o processo de aprovação da Licença Prévia da empresa e seus resultados”, afirmou a empresa em comunicado ao mercado nesta sexta-feira (28).
Como noticiado pela CNN, o MPF pediu que a votação da LP (Licença Prévia) do Projeto Colossus seja retirada de pauta.
O empreendimento tem atraído interesse internacional e recebeu cartas de intenção de financiamento dos governos da França e do Canadá, além de apoio financeiro do BNDES.
A LP já conta com parecer técnico favorável da Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) de MG.
A Viridis afirma que o Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela empresa foi elaborado por equipes multidisciplinares “altamente qualificadas”, seguindo metodologias reconhecidas nacional e internacionalmente.
Em nota enviada à CNN, a mineradora respondeu os argumentos utilizados pelos procuradores.
Um dos principais questionamentos do MPF é a alegação de que a área de mineração está situada sobre uma região de recarga do Aquífero Alcalino de Poços de Caldas, responsável por abastecer a região, e que haveria previsão de supressão de 98 nascentes.
A empresa contesta essa informação e afirma que apenas três nascentes serão suprimidas — cerca de 3% do total identificado. “Ao contrário do informado, o Projeto Colossus não prevê a supressão de 98 nascentes”, disse a Viridis.
A mineradora afirma ainda que, embora a Licença Prévia seja baseada em estudos conceituais, investiu em análises detalhadas dos recursos hídricos, com modelagens hidrogeológicas numéricas e projetos de engenharia em fase final.
Segundo a empresa, os estudos demonstram ausência de impactos significativos na disponibilidade de água em escala local ou regional.
“A estratégia de captação de água do empreendimento será realizada exclusivamente por meio de barramentos já existentes, sem a construção de novas estruturas”, afirma a companhia.
Outro ponto levantado pelo MPF é a preocupação com o método de lixiviação da argila retirada da mina, processo no qual a argila passa por uma “lavagem química” para separar os minerais de terras raras presentes no solo.
O método utiliza sulfato de amônio para deslocar os íons de terras raras, que depois são purificados, enquanto a argila já tratada é devolvida ao ambiente.
A empresa argumenta que a tecnologia representa um avanço ambiental significativo, pois elimina a necessidade de barragens de rejeitos.
Esse método, quando bem aplicado, é, de fato, reconhecido por especialistas como menos poluente do que a extração tradicional em maciços rochosos.
“O minério é processado por lixiviação com solução salina de amônio em pH próximo ao neutro, seguida de etapas sucessivas de lavagem com água, permitindo que o material seja retornado de forma segura e gradual às cavas”, afirmou a mineradora.

