Em uma situação financeira cada vez mais delicada, os Correios tiveram um prejuízo acumulado de R$ 6 bilhões até setembro, praticamente triplicando o valor registrado no mesmo período do ano passado — quando o rombo foi de R$ 2,1 bilhões.
As demonstrações contábeis do terceiro trimestre foram aprovadas, nesta sexta-feira (28), pelo conselho de administração da estatal.
De acordo com relatos feitos à imprensa, houve redução de receitas e aumento das despesas operacionais, além de novas obrigações judiciais e trabalhistas que pesaram no balanço.
Nos últimos, segundo fontes, houve avanços nas negociações com um “pool” de bancos — públicos e privados — para a obtenção de um empréstimo no valor de R$ 20 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional.
A cúpula dos Correios ainda tenta melhorar as condições oferecidas pelo consórcio de bancos, mas pretende fechar na próxima semana a operação, que é vista no governo como imprescindível para “salvar” a empresa e evitar um cenário de colapso na prestação de serviços.
O empréstimo deverá ser fatiado e os recursos chegarão à estatal em duas ou mais parcelas. A estratégia busca evitar que o dinheiro fique “guardado” no caixa dos Correios, pagando juros, já que boa parte do financiamento só vai ser efetivamente em 2026.
A única “exigência” é que a primeira tranche, de R$ 20 bilhões, entre ainda em dezembro. O pagamento do empréstimo será feito em um prazo de 15 anos.
Conforme apuração, o empréstimo terá um prazo de carência e será pago integralmente em apenas 15 anos.
Sair do vermelho e começar a gerar lucro está nos planos da empresa apenas a partir de 2027. Tanto que o início do pagamento dos empréstimos deverá ter uma carência de pelo menos dois anos. Até lá, os Correios esperam conseguir colocar o plano de reestruturação de pé.
Entenda
Além do empréstimo bilionário, o plano de reestruturação da empresa prevê que pelo menos 10 mil funcionários deixem a estatal por meio do programa de demissões voluntárias. O fechamento de pelo menos 1 mil agências também está no plano. Sem isso, os cálculos são de prejuízo, em 2026, de pelo menos R$ 23 bilhões.
A longo prazo, a estatal estuda um processo de abertura de capital para vender ações na Bolsa, preservando o controle pela União. A criação de uma joint venture — união de áreas específicas dos Correios com outras empresas — e a venda de ações para que a companhia capte recursos, a fim de se manter de pé, também estão entre as possibilidades.

