O segmento de café dos Estados Unidos partiu para o “corpo a corpo” tentando evitar que o produto importado do Brasil seja taxado em 50% a partir de sexta-feira (1). Representantes do setor viajaram a Washington, D.C., capital do país, na última semana, segundo apuração da imprensa.
A iniciativa foi liderada por William “Bill” Murray, CEO da NCA (National Coffee Association). Chefe da maior entidade do setor de café dos Estados Unidos, o executivo deixou a sede da associação em Nova York rumo à capital para tentar reforçar a pressão sobre parlamentares norte-americanos.
A NCA já avaliava saídas para que o café brasileiro não seja penalizado. Uma das possibilidades trabalhadas é propor à Casa Branca que uma lista com “produtos naturais não existentes nos EUA” seja exceção às tarifas de 50%.
Diretor técnico do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Eduardo Heron ressaltou em entrevista à CNN que a associação dos Estados Unidos vem expondo sua preocupação com os impactos da tarifa à indústria de torrefação norte-americana e celebra o movimento.
“Um terço do café verde importado pelos americanos se originam do Brasil e não há substituto de curto prazo para atender esse mercado de consumo. Por esse motivo, acreditamos que a situação no café para os americanos tenham um pouco mais de sensibilidade”, disse.
Lista de exceções
O café seria o principal beneficiado pela lista proposta pela NCA, visto que quase a totalidade do produto consumido nos EUA é importado. O Brasil é o principal fornecedor do item ao país, sendo responsável por cerca de 35% (mais de um terço) dos grãos que os Estados Unidos compram do exterior.
Num país onde 76% das pessoas consomem café, as taxas impactariam empresas e consumidores.
Símbolo dos EUA, o “Starbucks”, por exemplo, tem o Brasil como fornecedor de cerca de 22% de seus grãos, terá aumento de custos e deve repassá-los nos preços do produto vendido ao americano.
Entre outros segmentos, seria beneficiado pela lista de exceções o setor de frutas. O principal exemplo é a manga: a produção interna nos EUA quase inexiste, e o Brasil é o terceiro maior fornecedor do ítem para o país (responsável por cerca de 8% das importações).