As tarifas de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros podem cortar 146 mil empregos formais e informais no Brasil em até dois anos, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
O tarifaço de Donald Trump entrou em vigor na madrugada desta quarta-feira (6), afetando pouco mais da metade dos produtos domésticos que entram no mercado norte-americano.
Com base na simulação feita pela Fiemg, as tarifas podem reduzir o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em R$ 25,8 bilhões no curto prazo e até R$ 110 bilhões no longo prazo.
Dessa maneira, a perda de renda das famílias poderia alcançar R$ 2,74 bilhões em até dois anos, além da redução de 146 mil postos de trabalho.
Com as exceções estabelecidas, os setores industriais mais atingidos, segundo o estudo, serão a siderurgia, a fabricação de produtos de madeira, de calçados e de máquinas e equipamentos mecânicos.
Na agropecuária, tem destaque o impacto sobre a pecuária, especialmente a cadeia da carne bovina, que segue fora da lista de isenções tarifárias e representa parcela significativa da pauta exportadora nacional.
Ainda segundo o estudo, o Brasil exportou aproximadamente US$ 40,4 bilhões aos EUA em 2024, o equivalente a 1,8% do PIB nacional. Metade desse valor está concentrado em combustíveis minerais, ferro e aço, e máquinas e equipamentos — setores diretamente afetados pelas novas tarifas.
Tarifaço entra em vigor
Entrou em vigor nesta quarta-feira a tarifa de importação de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros. A medida aplica uma sobretaxa de 40 pontos percentuais a uma alíquota de 10% que já vinha sendo aplicada sobre os importados do Brasil.
O presidente norte-americano, Donald Trump, buscou justificar sua ordem executiva por uma “emergência nacional” em razão das políticas e ações “incomuns” e “extraordinárias” do governo brasileiro que, segundo o republicano, prejudicam empresas norte-americanas, os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos dos EUA e a política externa e a economia do país, de modo geral.
Trump também cita como justificativa para a medida o que considera como “perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Uma das preocupações dos exportadores era quanto à incidência da alíquota sobre cargas que já estivesse a caminho dos EUA, mas chegassem após a data que a tarifa entrasse em vigor. Porém, no decreto, Trump indicou que produtos que já estivessem embarcados e “em fase final” de traslado não seriam sobretaxados.
Além disso, do tarifaço, foram poupados 44,6% da pauta exportadora do Brasil aos EUA, segundo cálculo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Para produtos como petróleo, suco de laranja, aviões e suas partes, além de celulose, ficará válida a alíquota de 10%.