Empresários de setores afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil receberam com otimismo a sinalização do presidente Lula de que o “plano de contingência” para socorrer estas empresas vai contar um uma linha de crédito num montante de R$ 30 bilhões.
O sentimento entre os setores, contudo, é de que os detalhes do plano, a serem divulgados em cerimônia no Palácio do Planalto na tarde desta quarta-feira (13), como taxas de juros e medidas adicionais, vão definir sua capacidade de socorrer as empresas.
Diretor técnico do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Eduardo Heron disse em entrevista à emissora CNN que o volume é relevante. Todavia, o executivo destacou que são diversos os setores da economia brasileira impactados, cada um com sua peculiaridade.
Por isso, na perspectiva de Heron o pacote precisa ser diverso em medidas. O representante menciona, por exemplo, que empresas da cadeia cafeeira precisarão de condições mais favoráveis para arcar com os seus ACCs (adiantamentos de contrato de câmbio).
A modalidade é muito usada por empresas que exportam com regularidade. São adiantamentos do valor negociado a fim de que essas companhias tenham capital de giro suficiente para rodar sua produção e entregar as mercadorias vendidas.
Outra pedida dos setores vem sendo aumento na alíquota do Reintegra, mecanismo que busca ressarcir as empresas exportadoras por tributos residuais ao longo de suas cadeias produtivas. Trata-se de uma forma de minimizar os impactos dos custos tributários e de aumentar a rentabilidade das empresas exportadoras.
“Mas é importante destacar que é uma sinalização positiva do governo, de que vai socorrer os setores. Temos que exaltar a medida. Não podemos dizer que é um bom pacote porque ainda não foi divulgado, mas é uma boa sinalização”, disse
Eduardo Lobo, da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), diz à CNN que R$ 30 bilhões são “mais que suficientes”. O representante, contudo, afirma que os detalhes da linha serão decisivos para a avaliação do setor: quais serão as taxas e critérios de adesão, por exemplo.
“Estamos otimistas com as medidas que serão anunciadas. Já que as esperadas negociações não tiveram êxito, só nos resta esperar que o governo internamente nos ajude com medidas eficientes, suficientes e de simples adesão”, disse.
Governo sinaliza pacote diverso
Segundo membros da equipe econômica do governo, o plano a ser apresentado foi construído “sob medida”, com diferentes ações para múltiplos setores e perfis de empresas. O pacote contará com medidas de mitigação de “curto, médio e longo prazo”, de acordo com estes governistas.
Devem fazer parte do plano, além de linha de crédito, a expansão de compras governamentais, permitindo que órgãos públicos absorvam mercadoria que deixará de ser exportada. Medidas tributárias também devem constar no pacote.