Após a forte queda verificada em dezembro, as vendas do comércio varejista no Brasil cresceram 2,5% em janeiro, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ante janeiro de 2023, a alta foi de 4,1%.
Os dados vieram bem acima do consenso LSEG de analistas, que previam alta de 0,2% na comparação mensal e de 1,3% na anual.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas cresceu 2,4% na série com ajuste sazonal. A média móvel trimestral foi de 0,8%, superior ao trimestre encerrado em dezembro (-0,1%).O IBGE comentou que essa foi a primeira alta estatisticamente significativa desde setembro do ano passado, quando o crescimento foi de 0,8%. Depois disso, o comércio passou por dois meses de estabilidade (-0,3% em outubro e 0,2% em novembro) e um de queda (-1,4% em dezembro).
Com isso, em janeiro, o setor operava 5,7% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e 0,8% abaixo de seu nível recorde, alcançado em outubro de 2020.
Cinco das oito atividades investigadas pelo IBGE avançaram em janeiro deste ano. Dentre elas, os destaques foram as de tecidos, vestuário e calçados (8,5%) e de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (6,1%), que exerceram as principais influências sobre o resultado total do comércio varejista.
Outro setor em alta em janeiro foi o de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,9%). O segmento, que é o de maior peso na pesquisa (55,5%), está no terceiro mês seguido no campo positivo.
Segundo Cristiano Santos, o gerente da pesquisa do IBGE, setorialmente, os resultados vieram com muita amplitude de crescimento em segmentos que tiveram queda grande no Natal, depois de concentrar as vendas na Black Friday.
“Isso aconteceu em tecidos, vestuário e calçados, móveis e eletrodomésticos (3,6%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação e outros artigos de uso pessoal e doméstico (5,2%), que, juntos, puxaram o crescimento do varejo em janeiro”, destacou em nota.
Ele explicou ainda que atividade de tecidos, vestuário e calçados foi uma das mais prejudicadas durante a pandemia de covid-19 e que esse setor ainda está longe de se recuperar das perdas do período. “Entre as atividades pesquisadas, é a segunda que está mais distante do patamar de fevereiro de 2020, perdendo, nesse sentido, apenas para o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, que está 46,7% abaixo desse nível”, pontuou.
Com o resultado de janeiro, por exemplo, o setor de tecidos se encontrava 19,3% abaixo do nível pré-pandemia. No ano passado, foram sete meses no campo negativo.
Santos lembrou ainda que um dos fatores que atingiram o setor de tecidos foi a crise contábil de grandes cadeias de lojas. “No final de 2022 e ao longo do ano seguinte, algumas empresas revisitaram seus balanços e tiveram que fechar lojas físicas, o que acabou deixando o patamar bem abaixo”, explicou.
Além desse setor, ele destacou, entre os mais afetados pela crise, o de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que abarca lojas de departamento, e o de móveis e eletrodomésticos.
Fonte: InfoMoney