A Meta Platforms começará a exibir anúncios dentro do WhatsApp, abrindo uma nova fonte de receita enquanto investe pesadamente em inteligência artificial e outros projetos de longo prazo.
Os anúncios aparecerão na aba “Atualizações” do WhatsApp — uma seção separada da caixa de entrada e das conversas privadas dos usuários. Essa aba, que abriga o recurso Status (versão do app para Stories que desaparecem), recebe 1,5 bilhão de visitas por dia, segundo a Meta. O Status agora exibirá anúncios.
Anunciantes também poderão pagar para promover seus Canais no WhatsApp, garantindo destaque na aba de Atualizações. Os Canais permitem que marcas ou celebridades publiquem mensagens para um grupo de seguidores, como em um envio em massa de e-mails.
Como parte da nova estratégia de publicidade, o WhatsApp permitirá que operadores de Canais vendam assinaturas, criando mensagens exclusivas para grupos de clientes pagantes. A Meta não cobrará comissão inicialmente, mas pretende reter 10% das vendas futuramente, informou Alice Newton Rex, vice-presidente de produto do WhatsApp.
A Meta tem investido agressivamente em IA este ano, incluindo melhorias nos modelos de linguagem que sustentam os recursos de IA generativa em seus produtos. A empresa também anunciou um aporte de US$ 14,3 bilhões por 49% da Scale AI, uma startup de rotulagem de dados para IA, segundo uma fonte.
A empresa passou anos desenvolvendo lentamente um modelo de negócios para o WhatsApp, adquirido por US$ 19 bilhões em 2014. A publicidade nunca foi considerada ideal para um aplicativo de mensagens privadas. Em vez disso, a Meta concentrou-se em pequenos negócios, implementando ferramentas de pagamentos digitais e compras, especialmente em países como Índia e Brasil, onde o app é dominante.
Embora o avanço dos pagamentos enfrente entraves regulatórios, a Meta fatura bilhões com anúncios no Instagram e Facebook que redirecionam usuários para conversas no WhatsApp com empresas. A plataforma também permite que negócios paguem para enviar mensagens diretamente a usuários que autorizaram esse tipo de contato.
O grande desafio da Meta tem sido equilibrar a geração de receita com a promessa de privacidade do WhatsApp. Enquanto os outros produtos da empresa utilizam dados pessoais para publicidade altamente segmentada, as mensagens do WhatsApp são criptografadas de ponta a ponta. Seus cofundadores, Jan Koum e Brian Acton, prometeram nunca vender anúncios na plataforma antes de deixarem a Meta, em 2018 e 2017, respectivamente.
Segundo Newton Rex, os anúncios no WhatsApp terão segmentação ampla, como localização, idioma e Canais seguidos pelo usuário. Informações do Facebook ou Instagram só serão usadas se as contas forem vinculadas voluntariamente.
“Não vamos interromper as mensagens pessoais com anúncios”, disse ela. “Se você quiser apenas usar o WhatsApp para mensagens e chamadas, nunca verá anúncios.”
A exibição global de anúncios começará nesta segunda-feira (16), mas pode levar tempo até que todos os usuários vejam os novos formatos.