Manaus (AM) – Alan Patrick Silva Alves, ou melhor “Alan Nuguette”, um paulista, nascido em Jacareí, que se considera amazonense de coração, se tornou um dos grandes nomes no Ultimate Fighting Championship (UFC) e virou referência no esporte.
Ao Vanguarda do Norte, ele contou que começou no mundo esportivo quando tinha entre 13 e 14 anos, ao assistir uma apresentação de capoeira na escola que estudava. Naquele momento, o adolescente decidiu que era aquilo que queria fazer na vida: ser um atleta.
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Amazonense de coração
Iniciando na capoeira, a expressão cultural serviu como base e referência para a futura ocupação, a luta de artes marciais mistas, o MMA. Com um começo promissor, Nuguette conta que o início da carreira foi no Amazonas, e que foi tranquilo.
“Minha estreia foi no Amazonas, em um evento de um amigo meu. Lutei e engatei uma sequência de 12 vitórias consecutivas, foram 10 no Brasil e duas internacionais do UFC, só na minha 13ª luta que tive minha derrota, depois engatei mais três, depois perdi. Foi um começo muito bom, só de vitórias, mas a gente entende que a vida é feita de altos e baixos, a gente vai se dedicando, vai tentando melhorar os erros’’.
Mesmo nascido em outro estado, Nuguette se considera um amazonense de coração. A terra que lhe deu oportunidade, hoje em dia é exaltada pelo lutador em qualquer lugar que ele estiver.
“Fico feliz pela minha história, pelo o que sou, pelo o que represento para o Estado do Amazonas. Família boa é aquela que te acolhe, e eu escolhi o Amazonas. Sou amazonense de coração, gosto de boi-bumbá, gosto de forró, amo essa terra, esse povo’’, disse o atleta.
Referência no esporte
Alan participa do UFC há mais de dez anos, sendo lutador profissional há mais de vinte. Hoje, com uma vida confortável e morando nos Estados Unidos, Nuguette ainda tem dificuldade de perceber todos os feitos em sua carreira e de acreditar que ele se tornou uma referência para os atletas mais jovens.
“Quando ando em comunidades, eu escuto muito que querem ser que nem eu, que querem mudar de vida, que querem ter uma carreira no UFC, porque às vezes você só vive o processo, e você não tem noção de tudo o que já fez, você só está preocupado em se manter, por isso as pessoas me alertaram de tudo o que já fiz, ainda não tinha percebido a magnitude’’, disse o lutador.
Marca registrada e ritual
O início da carreira internacional do atleta veio com uma marca registrada que voltou os olhos do mundo para a singularidade de Nuguette. Bastante animado e ansioso, Alan extravasou sua alegria durante a pós-pesagem da luta fazendo um movimento de capoeira na frente de todos.
“Começou do nada, eu sou da capoeira, estava muito empolgado, era minha segunda luta em Nova York, meu professor disse para fazer o que eu quiser e me deu um estalo: vou dar um mortal. Ninguém tinha feito isso na história do UFC, eu fui o primeiro atleta na pós-pesagem a fazer isso. Todo mundo ficou espantado com aquilo e virou minha marca, agora nem que eu não queira, eu tenho que virar o mortal. Fiquei muito feliz por ter uma marca única, num evento único, um dos melhores do mundo’’, disse Nuguette.
Além da marca registrada, o atleta ainda contou que possui um ritual de superstição, que o ajuda a manter a concentração na luta.
“Eu faço minhas orações e toda vez que eu vou entrar na luta, eu bato o pé três vezes no ringue e dou aquela volta toda no octógono. Eu cumprimento o público, todos os quatro cantos e quando eu volto antes do juiz liberar a luta, eu seguro a grade, esse é meu ritual. Depois da luta, eu saio direto para o hotel e vou dormir. No outro dia que eu começo a fazer minhas coisas, preciso zerar minha adrenalina antes’’, confidenciou.
Projetos e futuros
Prestes a completar 40 anos, Alan Patrick conta que sente que está chegando a hora de se aposentar dos rigues, mas antes que isso aconteça precisa ajudar a abrir portas para os futuros atletas brasileiros que desejam seguir uma carreira internacional.
“Sinto que está chegando a hora de parar. Parar e deixar outros virem, por isso que abri minha empresa chamada Nuguette Connection Sport. Também tenho um instituto chamado Amigos do Alan Nuguette, somos muito fortes aqui no Amazonas, temos o apoio do governo e da prefeitura’’.
Sobre os projetos sociais que administra, o lutador explica o funcionamento dos programas e qual a diferença entre eles.
“A Nuguette Connection Sport é uma empresa que ameniza os erros que tive quando eu era atleta, para que a pessoa consiga viver do seu trabalho e ser sustentado por ele, só para treinar, porque 95% dos atletas do mundo possuem um trabalho secundário para se manter. A Connect faz isso, ela traz recursos para o atleta se manter 100% competindo e treinando. Já o Instituto Amigos do Alan Nuguette, ele pega crianças em situação de vulnerabilidade social, incluindo na sociedade brasileira, dando a oportunidade para elas usarem o esporte como fator de mudança de vida. Nos Estados Unidos isso é muito comum, os atletas usam o esporte para seguir a carreira que eles querem’’, descreveu Alan.
Fonte de inspiração para os mais jovens, Alan Nuguette finalizou a entrevista deixando um recado importante para os atletas amazonenses que desejam seguir carreira no MMA.
“Não adianta só querer, você precisa trabalhar um pouquinho todo dia. Trabalhe com o que você tem. Eu não tinha nada, mas eu trabalhava todo dia, eu treinava, eu corria descalço, eu fazia flexão. Nunca deixe o número, a situação, ou o senso falar o que você vai ser. Fabrique seu rótulo e cole em você. Aproveite o tempo bom’’, encorajou o amazonense de coração.