Para Carlos Alcaraz, a idade é apenas um número. O prodígio tenista espanhol não é um novato quando se trata de desafiar a lógica, as expectativas e o tempo para reescrever os livros de história.
O mais jovem número 1 do mundo no tênis masculino, com apenas 19 anos. O jogador masculino mais jovem a vencer três Grand Slams em três superfícies diferentes — US Open de 2022, Wimbledon em 2023 e Roland Garros em 2024 — aos 21 anos. Conquistas, aliás, já tatuadas em sua pele.
Enquanto busca defender seu título em Wimbledon, o garoto nascido para ser o melhor do mundo está determinado a cumprir ambições maiores.
“Quero ser um dos melhores da história. Estou sonhando grande assim”, disse Alcaraz à CNN em um evento da Babolat, parceira oficial e fornecedora de equipamentos de Wimbledon, antes do torneio.
“Quero sentar na mesma mesa que os ‘Três Grandes’ [Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer], lendas do nosso esporte”, disse.
Cultura de sucesso
Dado o ritmo em que Alcaraz está acumulando títulos de Grand Slam, você seria ousado em apostar contra ele subindo no ranking. Mas ele ficou surpreso com a rapidez com que subiu nas classificações do tênis?
“Às vezes”, ele sorri. “Honestamente, eu não penso muito sobre isso. Eu apenas vivo o momento, vivo o presente. Se eu olhar para trás, eu conquistei grandes coisas até agora, mas é algo em que não quero pensar, eu quero continuar”.
A equipe de Alcaraz, liderada pelo ex-número 1 do mundo e vencedor de Roland Garros de 2003, Juan Carlos Ferrero, incutiu uma mentalidade que enfatiza a importância da perseverança e do trabalho árduo. “Uma cultura de esforço” , como disse seu fisioterapeuta Juanjo Moreno à CNN em 2022.
Além da cultura de excelência construída ao seu redor, a estrela espanhola também conseguiu se inspirar em seus compatriotas — uma longa linhagem de homens e mulheres espanhóis que conhecem o gosto do sucesso no Grand Slam.
Pegue, por exemplo, Roland Garros. Nadal lidera com um recorde de 14 títulos no torneio, enquanto o já mencionado Ferrero, Albert Costa, Carlos Moyá, Sergi Bruguera e Garbiñe Muguruza foram todos campeões desde 1993.
Alcaraz agora lidera uma nova geração de talentos espanhóis determinados a construir sobre o legado de seus antecessores. Mas a que ele atribui esse sucesso?
“Na Espanha, temos muitos jogadores, muitos lugares para praticar, jogadores incríveis. Nós comemos bem, tem o clima”, ele ri.
“Estou muito orgulhoso do país de onde venho e acho que isso é algo ótimo para a Espanha, para o esporte espanhol e, obviamente, para mim”.
Defesa do título
Alcaraz começou a defesa de seu título em Wimbledon nesta segunda-feira (1º) contra o estoniano Mark Lajal, com uma vitória por 3 sets a 0, parciais de 7/6m 7/5 e 6/2.
Além de tentar vencer títulos consecutivos nas quadras de grama de Londres, o jovem de 21 anos também tem a chance de fazer o que apenas cinco jogadores masculinos na Era Aberta fizeram: vencer Roland Garros e Wimbledon na mesma temporada.
“Obviamente, é ainda mais especial voltar como campeão”, diz ele. “Estou tentando não pensar na pressão de ter que defender os pontos ou [que eu] quero ir longe. Eu só quero ser melhor a cada dia, tentando jogar o meu melhor em cada partida e dar 100%”.
“Acho que a diferença [em relação] ao ano passado é que estou um pouco mais maduro e sei como jogar na grama. Tenho mais experiências sobre jogar nessa superfície”, disse.
Alcaraz entra no torneio como o favorito conjunto, ao lado do atual número 1 do mundo Jannik Sinner, para levantar o título masculino. A dupla está programada para se encontrar em uma potencial partida semifinal.
E, se as estrelas se alinharem, poderíamos ter uma repetição do épico duelo de cinco sets do ano passado entre Alcaraz e Djokovic.
O sérvio de 37 anos chega a Wimbledon após passar por uma cirurgia no joelho direito durante sua partida de quarta rodada em Roland Garros, contra Francisco Cerúndolo, no mês passado.
Se Djokovic igualar o recorde de Roger Federer de oito títulos em Wimbledon, ele se tornará o campeão mais velho da era moderna.
Alcaraz, no entanto, está totalmente focado em fazer o que precisa fazer. “Para mim, não importa contra quem vou jogar”, explica ele. “Claro, todo mundo quer ver Jannik [Sinner] contra mim na semifinal ou Jannik ou eu jogando uma final contra Novak.
“Acho que todo mundo está esperando por esse momento, mas é um processo muito longo, um caminho muito longo. Vamos ver se estarei nessa posição”.
Super domingo espanhol?
Domingo, 14 de julho, pode marcar um dia memorável no calendário esportivo espanhol. Podemos não apenas ver Alcaraz representando seu país em uma segunda final consecutiva de simples masculinas em Wimbledon, mas seus compatriotas também podem estar em posição de disputar o título da Eurocopa em Berlim.
Isso culminaria um mês e meio extraordinariamente bem-sucedido em ambos os círculos esportivos para o espanhol.
O verão de futebol de Alcaraz começou de forma perfeita com seu clube, o Real Madrid, vencendo sua 15ª Champions League com uma vitória por 2 a 0 sobre o Borussia Dortmund.
Isso foi seguido pouco mais de uma semana depois com um título inédito de Roland Garros nas quadras de saibro de Paris e a confirmação logo após que o jovem astro se juntará a Nadal em parceira dos sonhos nas duplas na Olimpíada de Paris deste mês.
“Foi um mês muito bom para mim”, ele sorri. “Como torcedor do Real Madrid, eu estava assistindo em Paris [durante Roland Garros]. Aquela campanha foi inacreditável para mim. Muito feliz por mim. Um sonho realizado”, disse.
“Poderia ser incrível. No mesmo dia, eu jogando uma final em Wimbledon, a Espanha jogando uma final da Euro. Poderia ser um grande momento para a Espanha, para o nosso país”, comenta Alcaraz.
“Confio na seleção espanhola e acredito em mim também”.