O Flamengo caminha para se tornar o primeiro clube brasileiro a superar a marca de R$ 2 bilhões em faturamento em uma única temporada. O desempenho esportivo em 2025 é o principal motor desse resultado, impulsionado pelos títulos conquistados e pelas premiações acumuladas em competições como a Copa Libertadores, o Campeonato Brasileiro e a participação na Copa do Mundo de Clubes, disputada no meio do ano.
Até aqui, apenas em premiações, o clube já arrecadou R$ 422,3 milhões. O montante pode subir para R$ 449,3 milhões caso o Rubro-Negro conquiste a Copa Intercontinental, nesta quarta-feira (13), diante do PSG. A vitória na decisão renderia cerca de R$ 27 milhões adicionais. Os valores já consideram a premiação pelo título do Brasileirão, que, embora não tenha sido oficialmente divulgada pela CBF, deve girar em torno de R$ 55 milhões.
“A superioridade de Flamengo é fruto de duas coisas muito claras: tamanho econômico e organização, com as finanças equilibradas e a estrutura fortalecida, ampliando assim as receitas. O que sustenta o Flamengo é exatamente essa combinação entre abundância de recursos e organização. Ele niciou essa transformação há cerca de dez anos, abrindo mão de títulos e evitando loucuras no começo. Eles se organizaram, reduziram ou quitaram dívidas, investiram em base e infraestrutura”, avalia Guilherme Bellintani, ex-presidente do Bahia durante o processo da SAF do clube com o Manchester City e atual CEO da Squadra Sports, primeira plataforma de multiclubes no Brasil.
“O destaque para o Flamengo no cenário nacional e internacional está também relacionado às receitas, mas este não é o único elemento importante. Estamos falando de uma gestões que se tornaram referência no futebol brasileiro, principalmente quando tratamos de profissionalização e boas práticas de governança. A meu ver, estes, sim, são os elementos essenciais que permitem a maior competitividade que hoje se vê em campo”, acrescenta Moises Assayag, sócio diretor da Channel Associados e especialista em finanças no esporte, especialmente nas áreas de reestruturação financeira e operacional.
No faturamento total, a maior disparidade entre o Flamengo e os demais clubes brasileiros aparece nas receitas com direitos de transmissão e patrocínios. Na última temporada, o Rubro-Negro arrecadou R$ 453 milhões com a venda de direitos de TV e outros R$ 417,7 milhões com publicidade e patrocínios. Em 2025, a tendência é de um balanço ainda mais robusto, impulsionado principalmente pelo novo contrato com a Betano, que passou a render ao clube R$ 268,5 milhões por temporada.
“Clubes melhor administrados, no longo prazo, tendem a gerar mais receitas e reduzir custos. Com maior superavit, eles tendem a formar equipes e elencos melhores. Esses, geram mais premiações e receitas com transferências, em um circulo virtuoso, que permite acessar melhores atletas e vencer mais jogos com eles. Esses jogos, isolados, são imprevisíveis, mas um grande conjunto deles, não. É razoável hoje dizer que não sabemos quais jogos Palmeiras e Flamengo vão ganhar a cada mês do próximo ano, mas é razoável dizer que vão ganhar e empatar um determinado percentual dos seus jogos no próximo ano”, aponta Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, que gerencia a carreira de centenas de atletas.
Nas últimas semanas, Flamengo e Palmeiras foram indicados ao prêmio de melhor clube do mundo no Globe Soccer Awards. Os dois brasileiros disputam a honraria com outros 14 clubes, entre eles Bayern de Munique, Barcelona, Chelsea e PSG. A escolha do vencedor ocorre por meio de votação popular e de um júri especializado, com anúncio marcado para o dia 28 de dezembro, em cerimônia realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
“Trata-se de um case avançado de monetização da paixão, com o Flamengo alavancando sua massa para maximizar receitas de direitos de transmissão e patrocínios recordes. Essa credibilidade administrativa é o grande diferencial de marketing hoje. A austeridade e a transparência atraem marcas globais e viabilizam investimentos em elencos de nível europeu, criando um círculo virtuoso: a gestão gera receita, que compra qualidade técnica, que por sua vez valoriza ainda mais a marca e atrai novos investidores”, encerra Thales Rangel Mafia, Gerente de Marketing da Multimarcas Consórcios.
- Supercopa do Brasil: R$ 11 milhões
- Carioca: Sem premiação
- Mundial de Clubes: R$ 150,6 milhões
- Copa do Brasil: R$ 5,953 milhões
- Libertadores: R$ 178,8 milhões
- Brasileirão: R$ 55 milhões (ainda não oficial)
- Copa Intercontinental: R$ 21 milhões (pela vaga à final)

