O Brasil conquistou cinco medalhas, duas de ouro e três de prata, e levou 11 nadadores, dos 12 que disputaram finais, ao pódio nesta sexta-feira, 26, penúltimo dia do Mundial de natação paralímpica em Singapura. Foram três conquistas individuais, dois ouros e uma prata, e mais duas pratas em provas de revezamento.
O mineiro Gabriel Araújo conquistou os 50m costas S2 (comprometimento físico-motor) e chegou a sua terceira medalha de ouro em Singapura. Com o resultado, o nadador manteve a invencibilidade em suas três provas principais em mundiais. Já a fluminense Mariana Gesteira venceu os 100m costas da classe S9 (comprometimento físico-motor) e chegou a duas medalhas em Singapura, uma de ouro e uma de prata.
O Brasil também foi o segundo colocado nos revezamentos 4x100m medley S14 (deficiência intelectual) e 4x100m livre 49 pontos (deficiência visual).
O Brasil está na sexta colocação do quadro de medalhas, com 12 ouros, 15 pratas e nove bronzes (36 no total). A liderança é da China, com 16 ouros, oito pratas e seis bronzes (30); seguida pela Itália, com 15 ouros, 14 pratas e 11 bronzes (40); e pela Ucrânia, com 14 ouros, 14 pratas e 16 bronzes (44).
A vitória de Gabrielzinho desta sexta-feira nos 50m costas S2 veio com a marca de 53s06. A prata foi para o Atleta Paralímpico Neutro Vladmir Danilenko (56s54) e o bronze para o polonês Czech Jacek (57s73).
Gabrielzinho é tricampeão em dose tripla
Gabrielzinho já havia se sagrado campeão nos 100m costas e os 200m livre neste Mundial. Com isso, ele se tornou tricampeão nas três provas, com vitórias em todas essas disputas na Ilha da Madeira, em 2022, em Manchester, em 2023 e em Singapura 2025.
Ao alcançar mais esta marca, Gabrielzinho, que nasceu com focomelia, condição que levou à má-formação de pernas e braços, lembrou do início de sua trajetória no Movimento Paralímpico: “Estou muito feliz. Estou começando uma boa trajetória, bem vitoriosa, bem rápido. É só o começo. Comecei a treinar de fato em 2019, quando descobri que tinha chance de ir para os Jogos Parapan-Americanos em Lima naquele ano. Aí, comecei a treinar, mas bem limitado O meu treinador, Fábio Antunes, me mandava os treinos e eu executava como possível em uma piscina de 16 metros. Lima foi surpreendente, consegui bons resultados, e eu vi que a natação poderia transformar minha vida, se eu me dedicasse. Foi o que eu fiz”, disse.
O nadador destacou o papel do planejamento, da disciplina e do apoio multidisciplinar para chegar aos seus resultados: “Em 2020, eu me mudei para Juiz de Fora, a cidade do Fábio, onde eu moro atualmente para ter uma rotina de treino, uma disciplina. Ele montou uma rotina, uma equipe multidisciplinar para isso. Boa parte dela está comigo até hoje. Isso é importante. É um trabalho coletivo e que vem dando certo. Apesar de ser um esporte individual, o trabalho é coletivo”, disse Gabrielzinho.
A nadadora fluminense Mariana Gesteira venceu os 100m costas para a classe S9 com 1min08s79 no Mundial de Singapura. A segunda colocada foi a espanhola Nuria Soto, com 1min09s01 e a terceira a canadense Mary Jibb.
“Voltei a nadar 1min08, um tempo muito forte, atualmente o melhor do mundo na minha classe. Já estava com o melhor tempo do mundo esse ano, tinha uma responsabilidade. Foi a prova que eu mais treinei. Tinha uma pressão e eu senti um pouco. Senti uma sensação boa durante a prova. Eu tenho muito essa coisa de percepção e hoje acordei olhando para o dia e sentindo que era o meu dia. E, graças a Deus, foi. […] Essa medalha linda conta uma história maravilhosa de muita luta, resiliência, entrega e um poder pessoal muito grande. A gente se empenhou muito”, analisou Mariana.
A nadadora brasileira foi medalhista de bronze nesta prova nos Mundiais da Ilha da Madeira, em 2022, e Manchester, em 2023 e nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Mariana já havia conquistado a prata nos 100m livre em Singapura.
O paulista José Ronaldo nadou os 50m costas S1 (comprometimento físico-motor) em 1min13s72 e conquistou a medalha de prata da prova. O ouro foi para o israelense Iyad Shalabi (1min11s16) e o bronze para o ucraniano Anton Kol (1min14s82).
Medalhas nos revezamentos
O revezamento 4x100m medley S14 (atletas com deficiência intelectual) conquistou a prata com equipe formada pelos mineiros Arthur Xavier e Ana Karolina Soares e pelos paulistas Beatriz Flausino e Gabriel Bandeira, que encerraram a prova em 4min05s98, novo recorde das Américas.
O ouro ficou com a Grã-Bretanha, com 4min02s86, novo recorde mundial. O bronze foi para a Tailândia (4min32s754).
“Não é impossível. É questão de tempo. Nosso tempo foi muito bom [na final desta sexta-feira]. Estamos próximos a eles [os medalhistas de ouro] quando comparamos com outros mundiais. Falta só um pouquinho e a gente pega este título”, afirmou Ana Karolina.
Na sequência, o Brasil conquistou o pódio no revezamento 4×100 livre 49 pontos (atletas com deficiência visual), com equipe formada pela pernambucana Carol Santiago, pela paraense Lucilene Sousa, pelo carioca Douglas Matera e pelo catarinense Matheus Rheine.
Os brasileiros fecharam a distância em 3min56s28 enquanto a Espanha, que ficou com o ouro, completou a prova em 3min55s54. O bronze foi para o Japão, com 4min07s96.
O Brasil ainda teve o paulista Victor Almeida nos 100m costas S9 (comprometimento físico-motor). O nadador encerrou a disputa na quarta colocação, com 1min03s04. O ouro e a prata foram para Atletas Paralímpicos Neutros, Yahor Shchalkanau, com 1min00s95 e Bogdan Mozgovoi, com 1min01s30. O bronze ficou com o francês Ugo Didier, com 1min02s08.
As disputas em Singapura vão até este sábado, 27.