Aos 17 anos, Jair Paulino de Souza, conhecido como Jajá do Wake, atleta indígena do povo Karapãna, ficou em primeiro lugar na categoria júnior e levou o título do Campeonato Mundial de Wakeboard, no último sábado (2), em Portugal. Esta foi a terceira participação consecutiva dele no torneio.
O esportista se destacou em meio a 170 competidores, conquistando 86 pontos, três a mais que o holandês Dinand Last, que ficou em segundo lugar. O êxito mais recente do atleta havia sido a vitória na 2ª etapa do Brasileiro de Wakeboard, no “quintal” de casa, o rio Tarumã. A conquista o fez garantir a vaga para a terceira e decisiva etapa programada para setembro, em Brasília (DF). A competição promete ser uma disputa acirrada entre Jajá, o mineiro Henrique Daibert e o paranaense Gustavo Machado.
De Manaus, Jajá do Wake treina há 12 anos e já conta com 24 títulos na carreira. Atualmente, mora na cidade de São Paulo e treina na Marreco Wake School (MWS), escola de Marcelo Giardi, o Marreco, expoente da modalidade no Brasil.
Trajetória
Para chegar lá, Jajá conta com o apoio dos pais, que muitas vezes abriram mão de investir em condições de vida melhores para a família, priorizando incentivar o sonho do filho. A determinação também mobiliza outros atletas que, em diversas ocasiões, já se juntaram para apoiar financeiramente a participação em competições ou nas clínicas que faz duas vezes por ano com Marreco, grande nome do wakeboard nacional, em São Paulo.
Único indígena a praticar wakeboard a nível competitivo, Jajá subiu pela primeira vez numa prancha aos oito anos de idade, nas águas do rio Tarumã-açu, zona oeste da capital, um dos afluentes do Rio Negro. O equipamento não era em nada indicado. À prancha de madeira, foi acrescentado um par de tênis pregado pelo próprio Jajá.
O jovem inspira e incentiva outras pessoas a iniciarem no esporte, dando aulas para crianças da aldeia Yupirunga, região próxima a Manaus, e para outros interessados na modalidade que vão até às águas do rio Tarumã-Açu aprender com ele.
Para o futuro
O campeão indígena sonha em viajar, ser campeão mundial de wake, ajudar a família, montar uma escola e viver do esporte. Desde 2015, uma vez por ano, o esportista Karapãna sai da aldeia Yupirunga, numa região próxima a Manaus e viaja cerca de três mil quilômetros até Bragança Paulista para treinar na clínica de Marcelo Giardi.
Os treinos no Tarumã-açu custavam tempo e investimento dos pais, que até já abriram mão de construir uma casa melhor para a família de quatro filhos para fazer com que Jajá treinasse numa lancha com potência adequada às manobras do seu nível. Diante da experiência, Jairo incentiva os pais a levarem os filhos a praticarem algum esporte e a investirem nos sonhos de suas crianças, considerando suas habilidades, como eles fizeram com Jajá.
*Com informações da assessoria