Chegou ao fim a carreira de um dos maiores atletas do últimos anos, Rafael Nadal. O Rei do Saibro se despediu das quadras como tenista profissional, nesta terça-feira (19) após a eliminação da Espanha na Copa Davis.
Aos 38 anos, Nadal entrou em quadra, uma única vez, e saiu derrotado pelo holandês Botic van de Zandschulp, por 2 sets a 0 (parciais de 6-4 e 6-4).
Com Alcaraz em quadra, a seleção espanhola perdeu a partida seguinte, com isso sendo eliminada e decretando o fim da carreira do multicampeão, que já tinha anunciado que a Copa Davis seria sua última competição antes da aposentadoria.
Nadal ficou emocionado durante a execução do hino espanhol, e ao término dos jogos, com a eliminação confirmada, ao voltar a quadra, em Málaga, o tenista foi ovacionado pelos torcedores que lotavam as arquibancadas e não conseguiu conter as lágrimas durante o adeus.
Em discurso de despedida, Nadal se diz sortudo pelo o que viveu no tênis
Segurando as lágrimas enquanto tentava se recompor, Nadal fez um discurso de quase 15 minutos que se estendeu até a madrugada de quarta-feira.
“O que eu tentei fazer foi ser uma boa pessoa e espero que vocês tenham percebido isso”, disse o espanhol ao público de Málaga.
“Eu era apenas um garoto de um pequeno vilarejo que teve sorte, porque meu tio era técnico de tênis e tinha uma família que me apoiava”, disse Nadal.
“Deixo o mundo do tênis tendo conhecido muitos amigos ao longo do caminho. Tenho que agradecer a muitas pessoas. Saio com a tranquilidade de ter deixado um legado esportivo e pessoal do qual posso me orgulhar. Obrigado a todos vocês. São mais de 20 anos, bons e ruins. Pude conviver com todos vocês. Tive muita sorte de sentir tanto carinho de todo o mundo, especialmente aqui na Espanha”, disse.
Depois que o jogador de 38 anos anunciou no mês passado que estava encerrando sua carreira após as oitavas de final da Copa Davis, sua festa de despedida não foi como ele esperava, pois perdeu sua última partida e a Espanha foi eliminada.
Enquanto seu companheiro de equipe, Carlos Alcaraz, empatou o confronto ao vencer Tallon Griekspoor por 7-6(0) 6-3, o novo rei do tênis espanhol e Marcel Granollers foram derrotados nas duplas decisivas por Wesley Koolhof e Van de Zandschulp.
“É óbvio que o resultado não foi o que queríamos. Dei o melhor de mim. Quero agradecer a vocês por me darem a oportunidade de passar esses últimos dias como jogador profissional da equipe”, disse Nadal.
“Minha família, minha equipe, meus amigos. Sou uma pessoa que acredita na continuidade, acredito em manter as pessoas que você ama e que tornam sua vida melhor. Mantive minha família por perto. Sem vocês, isso não teria sido possível.”
Esmagado por uma derrota em que parecia uma sombra de si mesmo, Nadal havia dito anteriormente que, se fosse o capitão da Espanha na Copa Davis, não escolheria a si mesmo para jogar simples se o país avançasse no torneio.
O maiorquino disse que se sentia preparado e jogou o melhor que pôde, mas não iria se desculpar pela derrota.
A Holanda enfrentará os vencedores da partida entre Canadá e Alemanha nas semifinais. Oito países estavam disputando a Copa Davis em Málaga esta semana, com as finais marcadas para domingo.
Ao todo, Nadal conquistou 92 títulos reconhecidos pela ATP, sendo 22 de Grand Slam. São 14 títulos em Roland Garros, quatro no US Open, dois de Wimbledon e dois no Australian Open.
Rei do saibro
Rafael Nadal não ganhou o apelido de “Rei do Saibro” à toa. O espanhol revolucionou o jogo nessa superfície. Dos 22 grand slams conquistados na carreira, 14 foram em Roland Garros. Nadal é o maior campeão do Aberto da França.
E os títulos não são a única marca impressionante em Paris. Desde sua estreia em Roland Garros, em 2005, disputou 116 jogos no saibro parisiense e perdeu apenas quatro vezes.
Além disso, tem 100% de aproveitamento nas finais do torneio, chegou à 14 decisões e levantou 14 taças. A dominância é tamanha que Nadal ganhou uma estátua em Roland Garros.
Mas o bom desempenho no saibro não se resume aos números na França. Nadal também é o maior campeão do ATP 500 de Barcelona, com 12 títulos, e dos Masters 1000 de Monte Carlo (11 títulos), Madri (5 títulos) e Roma (10 títulos).
Presença constante no top-10 mundial
Ao lado de Novak Djokovic e Roger Federer, Nadal formou o chamado “Big 3” e, claro, ele não faria parte do trio apenas com os números impressionantes em Roland Garros.
Ao todo, Nadal conquistou 92 títulos reconhecidos pela ATP, sendo 22 de Grand Slam. São 14 títulos em Roland Garros, quatro no US Open, dois de Wimbledon e dois no Australian Open.
Sempre com boas campanhas nos principais torneios, Nadal é o tenista com mais semanas seguidas dentro do top 10 do ranking mundial. Foram 912 semanas seguidas entre 2005 e 2023.
Golden slam
Nadal fez história também nos Jogos Olímpicos, sendo o primeiro tenista da Era Aberta a conquistar medalha de ouro no simples, em Pequim 2008. Em 2016, também subiu ao lugar mais alto do pódio no torneio de duplas na Rio 2016.
Ao conquistar o ouro no simples em Pequim, o espanhol também entrou para mais um seleto grupo, o do golden slam. O título simbólico representa os tenistas que venceram todos os Grand Slams do circuito mundial e o ouro olímpico. No simples, apenas quatro tenistas conseguiram esse feito além de Nadal: Steffi Graf, Andre Agassi, Serena Williams e Novak Djokovic.
A única diferença é que a alemã Steffi Graf venceu todos os Grand Slams e o ouro olímpico no mesmo ano, em 1988, conquistando o chamado “True Golden Slam” (Golden Slam Verdadeiro). Já Agassi, Nadal, Williams e Djokovic conquistaram o “Career Golden Slam” (Golden Slam de Carreira), já que acumularam os títulos ao longo de diferentes temporadas.
Apesar dos números expressivos e das diversas marcas e quebras de recordes na carreira, para muitos, o principal legado de Nadal vai além das estatísticas. O espanhol sempre foi sinônimo de entrega em quadra e superação. Mesmo lidando com diversas lesões ao longo da carreira, seguiu encantando o mundo do tênis e do esporte mundial.