Representando a região Amazônica e os povos indígenas, o atleta Gustavo dos Santos, da etnia Karapãna, faz parte do Projeto Amazonas nas Olimpíadas de Paris 2024 e segue uma rotina intensa de preparação para conquistar uma vaga no próximo ciclo olímpico.
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Com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação Amazonas de Alto Rendimento (Faar), o arqueiro carrega na bagagem vários títulos nacionais e internacionais que marcam sua trajetória na modalidade
“Mais que uma data, (19) de abril representa todo o investimento que o Governo do Amazonas vem fazendo para os povos indígenas. O Gustavo é segundo melhor atleta do Brasil no tiro com arco e está tendo todo suporte para que ele possa realizar o tão sonhado feito, que é chegar no ciclo olímpico de 2024”, destacou o coordenador do projeto e medalhista olímpico, Sandro Viana
Natural da comunidade Nova Cannã, às margens do Rio Cuieiras, no interior do Amazonas, Gustavo iniciou no esporte em 2014 por incentivo de um projeto na região em que morava. Hoje, com 26 anos, o arqueiro já foi medalhista no Campeonato Brasileiro 2018, medalhista de prata nos Jogos Sul-Americanos 2018, na Bolívia, e conquistou o 4º lugar classificatória para as Olimpíadas de Tóquio.
O atleta Gustavo possui o nome indígena “YWYTU”, que significa “vento”, voar alto é o que ele mais deseja.
“Hoje o meu maior objetivo como atleta de alto rendimento é representar o Brasil dentro de uma Olimpíada, e venho me dedicando muito para realizar esse sonho”, ressaltou Gustavo dos Santos.
O amazonense participará da Seletiva para o Pan-Americano que acontece em maio, no Rio de Janeiro, e que vale vaga para o Campeonato Mundial da modalidade, em etapas na Colômbia e Paris, nos meses de junho e julho. Além da competição nacional em dezembro, em Maricá (RJ), onde os três melhores no ranking irão compor a Seleção Olímpica Brasileira de Tiro com Arco.
Elas no esporte
A indigena Graziela Santos, que deu inicio ao esporte em 2013, quando passou a integrar o projeto de Arquearia Indígena da Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Tinha como objetivo na época, levar um atleta indígena para as Olimpíadas Rio 2016. Graziela foi a única menina entre os 12 jovens selecionados pelo projeto.
No primeiro ano de treino, Graziela e a equipe foram para o campeonato brasileiro de base, onde a atleta conquistou a medalha de bronze no individual feminino. No final de 2015, ela repetiu o feito, conquistando o 3º lugar em sua categoria, além da prata na categoria de dupla mista ao lado do parceiro de equipe, Nelson Moraes. A dupla foi campeã na categoria no Campeonato Brasileiro de Tiro com Arco em 2016.
“Quando eu fui para os Jogos Sul-Americanos, foi um momento importante. Foi meu primeiro ano de seleção brasileira, representando o Amazonas e o Brasil. Cheguei lá, competi, fiquei em primeiro lugar na classificatória com 645 pontos, meu recorde na época, ganhei medalha de ouro no individual feminino e na equipe feminina, e quarto lugar na dupla mista”, relata com orgulho. Em 2019, Graziela foi ao Grand Prix do México, onde ganhou a medalha de prata com a equipe feminina e chegou até os Jogos Pan-americanos de Lima, onde disputou o bronze.
Abrindo caminhos
O pioneirismo de Graziela no tiro com arco é importante para inspirar outros jovens indígenas a ingressarem no esporte. “Sinto que sou uma representante que está abrindo caminhos para os povos indígenas e para jovens que desejam estar no meio do esporte ou em qualquer outra área. Todo ser humano é capaz, resiliente e pode se aperfeiçoar ao longo da caminhada. Eu sou um exemplo que mostra aos jovens indígenas que podemos conquistar nossos objetivos com coragem e dedicação”, afirma.
Apesar das dificuldades como a adaptação à modalidade esportiva, a falta de incentivos financeiros para competir e a ausência de espaços adequados de treinamento, Graziela acredita que o esporte vale a pena e lhe trouxe vitórias além do campo de tiro, como a oportunidade de cursar uma graduação.
“O projeto de Arquearia Indígena da FAS foi muito importante nesse sentido. Sem ele, eu não teria conhecido o tiro com arco como esporte e não estaria aqui hoje. Ele é uma porta que se abre para nós indígenas e facilita a caminhada para quem quer estudar, ser atleta e conhecer outros lugares, culturas e pessoas”, finaliza a atleta.
*Com informações da Assessoria