Manaus (AM) – Harmonia, precisão e resistência. É como se resume o hipismo, esporte que consiste na arte de montar a cavalo e nas práticas desportivas que envolvam o animal. Apesar de considerado como um esporte de alto custo, o hipismo ganha cada vez mais adeptos no Amazonas.
O termo “hipismo” engloba várias modalidades de esportes equestres conhecidos como Equitação Inglesa ou Hipismo Clássico. As modalidades são geridas no Brasil pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) e em nível mundial pela Federação Equestre Internacional (FEI).
Esporte em família
Apaixonada por animais, Maria Fernanda Cordeiro Salustiano, de 8 anos, se apaixonou pela modalidade e buscou praticá-la por iniciativa própria, quando tinha 3 anos de idade.
Seu irmão, Bernardo Muelas Akel Filho, influenciado pela irmã, logo se envolveu com o esporte também. Desde o início, ambos contaram com o apoio e incentivo da mãe, a empresária Karyna Cordeiro Salustiano, de 47 anos.
“A Maria Fernanda sempre foi apaixonada por cavalos e um dia ela me pediu para ser uma amazona. Nem perguntei o porquê. Logo em seguida, fiz a matrícula dela. Sempre incentivei os novos desafios e o hipismo a levou para uma ótima disciplina”, disse Karyna.
Analisando a prática do hipismo como algo com “grande peso” na vida de quem o pratica, Karyna destaca que o seu respeito pelo esporte é absoluto.
“Almejar grandes conquistas sempre foi o foco dos meus filhos, tanto que Bernardo está morando em São Paulo e lá vai aprofundar sobre o Hipismo. Maria Fernanda tem sonhos em ser uma grande amazona. Eles ganharam um puro Sangue Árabe para intensificar mais os treinos”, destacou.
Com os filhos integrantes da Escola de Equitação Nissim Pazzuelo, no bairro Adrianópolis, na Zona Centro-Sul, Karyna analisa as oportunidades para quem pensa praticar hipismo em Manaus.
“Hoje temos grandes profissionais de renome como a Thamy e acredito que tem crescido muito. Precisamos de um incentivo muito forte para o esporte expandir na capital, pois temos vários profissionais e atletas capacitados”, disse.
Promessa no Amazonas
Com apenas 11 anos de idade, a atleta amazonense Alexia Neves Castelo Branco Cordeiro também é destaque na modalidade e tem conquistado os pódios nacionais.
Influenciada pelo pai, Alessandro Cordeiro, duas vezes campeão amazonense de hipismo, a paixão pelo esporte surgiu na vida de Alexia aos 4 anos, quando Alexia demonstrou ter a mesma paixão pelo esporte.
A jovem chegou a representar a região Norte em uma disputa nacional realizada em Minas Gerais e conquistou três medalhas.
A mãe de Alexia, a engenheira civil Thaís Neves Castelo Branco Cordeiro, contou que a filha se apaixonou por hipismo quando o pai a levou para fazer uma aula experimental.
“Ela gostou muito, assim foi dando certo. Desde o início ela sempre foi incentivada por todos nós. Os dois sempre gostaram muito de animais. Confesso que ela sempre teve mais incentivo dele do que meu, porque a mãe sempre é mais receosa. Mas nunca deixei de apoiá-la”, disse.
Amor que virou profissão
“O hipismo se tornou uma razão de vida. Minha vida gira em torno desse mundo”. É dessa forma que a administradora e instrutora de hipismo Tammy Repolho, de 56 anos, demonstra o seu amor pela modalidade. A paixão começou em um trabalho de campo da faculdade em Roraima (RR).
“Pela primeira vez, fui andar a cavalo. O dono da fazenda pediu para um funcionário pegar o cavalo para mim. Quando montei, olhei para um lado e para o outro e me perguntei ‘E agora?’. Olhei para o cavalo e falei ‘Anda, cavalo’”, relembrou.
“O peão olhou para a minha cara com um olhar de tédio e depois me puxou pelo pátio da fazenda. Depois disso nunca mais parei. Assim que voltei, procurei um lugar para montar e estava começando a primeira hípica em Manaus, o Centro Hípico JC no Parque das Laranjeiras”, completou.
Pouco tempo depois, ganhou o primeiro cavalo. Para Tammy, a relação com os animais é uma conquista pessoal.
“O que mais ganho com o esporte é a felicidade de abordar os desafios pessoais e vencê-los. Manaus é um desafio para muitas atividades, ainda mais quando envolvem cavalos. Estamos muito longe dos centros hípicos mais desenvolvidos, temos que nos superar com muita vontade para aproveitar o esporte”, relatou.
História do Hipismo no Brasil
De acordo com a Confederação Brasileira de Hipismo, a primeira competição hípica no Brasil foi o Torneio de Cavalaria realizado em abril de 1641 em Maurícea, onde hoje está Recife, Pernambuco. A iniciativa da disputa foi do príncipe holandês João Mauricio de Nassau, único governante geral de colônia não português.
Nassau chegou ao Brasil em 1637 trazendo uma equipe que promoveu uma enorme reformulação urbana e cultura, e a competição hípica fazia parte deste conceito. Participaram da prova dois grupos de cavaleiros: de um lado, holandeses, franceses, alemães e ingleses e do outro, portugueses e brasileiros que acabaram vencendo a disputa.
Cavalgadas e torneios esportivos como corridas e simulações de combate entre outros se tornaram comum no eixo Rio – São Paulo nos séculos 18 e 19. Fazendeiros e aristocratas participavam principalmente de corridas rasas, “nas areias da praia de Botafogo, em hora que a maré permitia” em citação da Gazeta do Rio de Janeiro, de 25 de maio de 1814.
Essas competições eram apreciadas pela nobreza e, frequentemente, de acordo com o Diário Fluminense, de 31 de julho de 1825, podia-se encontrar na plateia os jovens imperadores D. Pedro I e sua esposa D. Maria Leopoldina.
Somente em meados do século XIX as corridas rasas passaram a ser disputadas oficialmente, com a criação, em 6 de março de 1847, do Clube de Corridas, que teve como primeiro presidente Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias.
Por reconhecer a importância do cavalo como arma de guerra, o governo – por iniciativa de Caxias – procurou melhorar a criação nacional, importando da Europa garanhões Puro Sangue Inglês (PSI). O fato estimulou ainda mais a realização de corridas e motivou a fundação do Jockey Club Fluminense, em 9 de junho de 1854.
Em São Paulo, a marquesa de Santos incentivava as corridas no campo da Luz, que descobrira o prazer de montar a cavalo em 1830. O campo da Luz deu origem, em 1875, ao Clube de Corridas Paulistano que, mais tarde, passou a se chamar Jockey Club da Mooca, o precursor do Jockey Club de São Paulo.