O acordo entre Estados Unidos e China para os asiáticos voltarem a comprar a soja americana — ventilado pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent — ainda não preocupa produtores de soja brasileiros.
Negociadores de Washington e Pequim se encontraram em Kuala Lumpur, na Malásia, para preparar a reunião entre Donald Trump e Xi Jinping, prevista para a quinta-feira (30).
No segmento de soja, segue a avaliação de que — em um primeiro momento ao menos — a soja brasileira não deve perder espaço. Os produtores afirmam que, mesmo sem a restrição ao produto americano, os asiáticos continuarão a preferir o produto brasileiro, oferecido em maior volume e melhor custo benefício, visto teores de óleo e proteína.
Uma fonte do setor disse, atualmente, o atraso nas chuvas em estados do Centro-Oeste e no Matopiba, que pode provocar perdas na fase de enchimento do grão e reduzir a “janela ideal” para produzir a safra de milho, preocupa mais os produtores do que a disputa global.
Em 2024, a China importou cerca de 105 milhões de toneladas de soja, sendo cerca de 74 milhões de toneladas do Brasil e 22 milhões de toneladas dos EUA. Para os produtores brasileiros, não há excedente de produção nos Estados Unidos para mudar drasticamente este cenário.
Uma projeção recente do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês) para a safra mundial de soja na temporada 2025/26 indica que serão colhidas 425,87 milhões de toneladas.
O Brasil é líder e deve responder a 41% deste total, com 175 milhões de toneladas; os EUA vêm na sequência, com 117 milhões.
Em relatório, a American Farm Bureau Federation, entidade agrícola centenária que representa 6 milhões de agricultores norte-americanos, aponta que o volume embarcado de soja dos EUA ao mercado chinês recuou quase 78% na comparação entre janeiro e agosto deste ano com o mesmo período de 2024.
“Durante junho, julho e agosto, os EUA praticamente não enviaram soja para a China e a China não comprou nenhuma soja da nova safra para o próximo ano comercial”, cita o documento, assinado pela economista Faith Parum.

