Jimmy Kimmel voltará a apresentar seu programa na ABC News na próxima terça-feira (23), anunciou a emissora em um comunicado.
Um porta-voz da Walt Disney Company, dona da ABC, disse à imprensa que a retomada acontece após conversas sobre comentários “inoportunos” e “insensíveis” sobre a morte do influenciador Charlie Kirk.
“Na quarta-feira passada, tomamos a decisão de suspender a produção do programa para evitar agravar ainda mais a situação tensa em um momento tão delicado para o nosso país”, disse a companhia.
“É uma decisão que tomamos porque sentimos que alguns dos comentários foram inoportunos e, portanto, insensíveis. Passamos os últimos dias conversando com Jimmy e, após essas conversas, tomamos a decisão de retornar o programa na terça-feira”, acrescentou.
A atração Jimmy Kimmel Live! foi retirada do ar abrupta e indefinidamente na quarta-feira da semana passada, depois que o presidente da Comissão Federal de Comunicações, Brendan Carr, e redes de emissoras afiliadas ameaçaram a ABC por comentários feitos por Kimmel sobre a resposta do movimento MAGA (Make America Great Again) ao assassinato de Charlie Kirk.
Durante o programa, o apresentador disse que o grupo MAGA estava “desesperado para caracterizar o assassino como qualquer coisa menos um dos seus” e acusou o movimento de tentar obter ganhos políticos com o incidente.
Debate nacional sobre liberdade de expressão
A medida desencadeou um debate nacional sobre interferência governamental e liberdade de expressão entre apoiadores do governo do presidente Donald Trump e Kimmel, que têm criticado abertamente um ao outro ao longo dos anos.
Em Hollywood, importantes personalidades do entretenimento manifestaram apoio a Kimmel. Apresentadores como Jimmy Fallon, Jon Stewart e Stephen Colbert abordaram o tema em seus programas, focando especialmente em questões relacionadas à liberdade de expressão.
Antes da notícia de seu retorno, mais de 400 artistas, incluindo Tom Hanks, Meryl Streep e Jennifer Aniston, assinaram uma carta aberta em apoio a Kimmel.
Houve protestos organizados contra a Disney do lado de fora dos escritórios da empresa em Nova York e Burbank, Califórnia, na semana passada, bem como do lado de fora do teatro onde o show de Kimmel é gravado em Hollywood.
Analistas de mídia têm observado o CEO da Disney, Bob Iger, e o copresidente da Disney Entertainment, Dana Walden, lidarem com pressões conflitantes.
A Disney precisa da aprovação do governo para acordos pendentes, como o da ESPN com a NFL, enquanto muitas de suas emissoras parceiras estão na mesma situação. Além disso, o contrato de Kimmel expira em maio e a audiência e a receita da TV aberta têm diminuído.
Ainda assim, a suspensão repentina de Kimmel causou choque na indústria do entretenimento, onde o comediante e apresentador de longa data é muito respeitado, tanto dentro quanto fora da ABC.
A PEN America, um dos muitos grupos de liberdade de expressão que criticaram a Disney por aparentemente ceder ao governo Trump, chamou o retorno de Kimmel de “uma justificativa para a liberdade de expressão”.
O anúncio da ABC está “reparando sua suspensão injustificável e nos lembrando de que, quando as pessoas se manifestam para responsabilizar os poderosos, isso importa”, disse Summer Lopez, co-CEO interina da PEN America.
“Todos devemos canalizar a mesma energia para combater os muitos ataques à liberdade de expressão em andamento, inclusive contra aqueles com menos alcance e recursos.”
O porta-voz da Turning Point USA, Andrew Kolvet, mantém a pressão sobre os proprietários das emissoras afiliadas da ABC: “A Disney e a ABC cederem e permitirem que Kimmel volte ao ar não é surpreendente, mas é um erro delas. A Nextstar e a Sinclair não precisam fazer a mesma escolha.”