O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese afirmou nesta segunda-feira (11) que a Austrália reconhecerá o Estado Palestino na Assembleia Geral das Nações Unidas no próximo mês.
A medida aumenta a pressão internacional sobre Israel após anúncios semelhantes da França, Grã-Bretanha e Canadá.
“A Austrália reconhecerá o Estado da Palestina na 80ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, para contribuir para o impulso internacional em direção a uma solução de dois Estados, um cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns”
- Primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, em comunicado
Albanese disse a repórteres em Canberra que o reconhecimento seria baseado nos compromissos que a Austrália recebeu da Autoridade Palestina, incluindo o de que o grupo militante islâmico Hamas não teria envolvimento em nenhum futuro Estado.
“Uma solução de dois Estados é a melhor esperança da humanidade para quebrar o ciclo de violência no Oriente Médio e pôr fim ao conflito, ao sofrimento e à fome em Gaza”, disse Albanese em uma coletiva de imprensa.
Ele disse que conversou com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, na quinta-feira (7) e lhe disse que uma solução política era necessária, e não militar.
Na semana passada, a Austrália criticou o plano de Israel de assumir o controle militar de Gaza, e Albanese afirmou que a decisão de reconhecer um Estado palestino foi “ainda mais impulsionada” pelo desrespeito de Netanyahu aos apelos da comunidade internacional e pelo descumprimento das obrigações legais e éticas em Gaza.
“O governo Netanyahu está extinguindo a perspectiva de uma solução de dois Estados ao expandir rapidamente os assentamentos ilegais, ameaçando anexar os Territórios Palestinos Ocupados e se opondo explicitamente a qualquer Estado palestino”, disse Albanese em declaração conjunta com a ministra das Relações Exteriores, Penny Wong.
Os compromissos da Autoridade Palestina de reformar a governança, desmilitarizar e realizar eleições gerais, bem como as exigências da Liga Árabe para que o Hamas ponha fim ao seu domínio em Gaza, criaram uma oportunidade, afirmou.
“Esta é uma oportunidade para isolar o Hamas”, acrescentou.
Wong afirmou ter informado o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sobre a decisão da Austrália.
No mês passado, o presidente dos EUA, Donald Trump, criticou a decisão do Canadá de apoiar a criação de um Estado palestino, e Rubio afirmou que a decisão da França foi imprudente.
O embaixador de Israel na Austrália, Amir Maimon, criticou a decisão da Austrália na plataforma de mídia social X, classificando-a como prejudicial à segurança de Israel e ao descarrilamento das negociações sobre os reféns.
No mês passado, Albanese não se comprometeu publicamente com um prazo para o reconhecimento e, anteriormente, se mostrou cauteloso com a opinião pública dividida na Austrália em relação a Gaza.
Dezenas de milhares de manifestantes marcharam pela Ponte da Baía de Sydney neste mês, pedindo a entrega de ajuda humanitária em Gaza, à medida que a crise humanitária se agravava.
Albanese afirmou na segunda-feira que “enorme preocupação” com a devastação em Gaza veio não apenas de líderes internacionais, mas também de membros da comunidade.
A Nova Zelândia afirmou que consideraria sua posição sobre o reconhecimento da Palestina neste mês.