As agências de notícias, incluindo a Reuters e a Bloomberg News, não terão mais um lugar permanente no grupo de repórteres que cobrem o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse a Casa Branca na terça-feira (15).
A decisão foi tomada depois que o governo Trump perdeu, na semana passada, uma ação judicial movida por outra agência de notícias, a Associated Press, sobre sua exclusão anterior do grupo de imprensa.
Normalmente, o grupo é composto por cerca de 10 veículos que acompanham o presidente aonde quer que ele vá, seja em uma reunião no Salão Oval, onde ele faz declarações ou responde a perguntas, ou em viagens nacionais e internacionais.
De acordo com a nova política, as agências de notícias perderão seu lugar habitual no grupo, chamado pool, e, em vez disso, farão parte de um rodízio maior com cerca de 30 outros jornais e veículos impressos.
As agências de notícias tendem a cobrir o presidente e a Casa Branca mais de perto diariamente do que a maioria dos veículos.
Outros clientes da mídia, especialmente organizações de notícias locais que não têm presença em Washington, dependem das agências de notícias para obter reportagens, vídeos e áudio atualizados.
Os mercados financeiros também dependem dos relatos em tempo real das agências de notícias para informações sobre as declarações feitas pelo presidente.
“A cobertura de notícias da Reuters chega a bilhões de pessoas todos os dias, principalmente por meio de milhares de organizações de notícias em todo o mundo que assinam os serviços da Reuters”, disse um porta-voz da agência.
“É essencial para a democracia que o público tenha acesso a notícias independentes, imparciais e precisas sobre seu governo. Qualquer medida do governo dos EUA para limitar o acesso ao presidente ameaça esse princípio, tanto para o público quanto para a mídia mundial”, continuou.
A Reuters continua empenhada em cobrir a Casa Branca de forma imparcial, precisa e independente, acrescentou o porta-voz.
A AP disse que as ações do governo foram um grave desserviço ao povo americano.
“Estamos profundamente desapontados com o fato de o governo ter optado por restringir o acesso de todas as agências de notícias, cuja cobertura rápida e precisa da Casa Branca informa bilhões de pessoas todos os dias, em vez de reintegrar a Associated Press ao pool de agências”, disse a porta-voz Lauren Easton em um comunicado à Reuters.
A Bloomberg não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.
Até a posse do governo atual, as três agências de notícias — AP, Bloomberg e Reuters — eram todas integrantes padrão do pool. Mas a Casa Branca barrou a AP em fevereiro depois que ela se recusou a se referir ao corpo de água ao sul dos Estados Unidos como o “Golfo da América”, como Trump havia ordenado que fosse chamado, em vez de “Golfo do México”, como é tradicionalmente conhecido.
Depois de excluir a AP, a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que sua equipe determinaria “quem pode desfrutar do acesso muito privilegiado e limitado em espaços como o Air Force One e o Salão Oval”.
Até então, esses lugares eram decididos pela Associação de Correspondentes da Casa Branca, uma organização formada por jornalistas que cobrem a Casa Branca e o presidente.
De acordo com a orientação fornecida à Reuters por um funcionário da Casa Branca na terça-feira (15), Leavitt terá o poder de determinar os integrantes do grupo diariamente “para garantir que a mensagem do presidente chegue ao público-alvo e que os veículos com experiência no assunto aplicável estejam presentes conforme os eventos o justifiquem”.
A autoridade disse que os veículos de comunicação poderão ser incluídos no grupo “independentemente do ponto de vista substantivo expresso por um veículo”.
Na semana passada, um juiz federal em Washington ordenou que o governo permitisse que os jornalistas da AP participassem de eventos abertos a tipos semelhantes de organizações de notícias no Salão Oval e no Air Force One, bem como em espaços maiores na Casa Branca, enquanto a ação judicial avança.
O juiz considerou que a Casa Branca de Trump retaliou a AP por suas escolhas editoriais, violando as proteções à liberdade de expressão previstas na Constituição dos EUA. A Casa Branca está recorrendo da decisão.