Em um comício marcado por ataques à própria vice-presidente e insultos à oposição, o presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a apostar no confronto como principal ativo político. Diante de uma plateia lotada no evento La Derecha Fest, realizado em Córdoba, Milei chamou Victoria Villarruel de “traidora bruta” e anunciou que vetará o projeto aprovado pelo Senado que amplia aposentadorias e benefícios por invalidez.
A declaração foi dada no encerramento do festival promovido por aliados libertários e organizado pelo jornalista Javier Negre, do site La Derecha Diario. Milei, ovacionado por cerca de 2.500 apoiadores, afirmou que o veto será publicado “nos próximos dias”, criticando o impacto fiscal do projeto e acusando Villarruel de ter encampado a proposta.
“Sugiro que, antes de fazerem truques, aprendam a somar dois mais dois”, disse o presidente, referindo-se à vice, com xingamentos da plateia.
O embate público com a vice escancara a ruptura política entre os dois, que chegaram ao poder em 2023 com discurso de coesão ideológica. Milei acusou Villarruel de pressioná-lo com os custos do projeto e ironizou sua argumentação.
Em contraste, elogiou a secretária-geral da Presidência e sua irmã, Karina Milei, a quem chamou de “El Jefe” e pediu aplausos por supostas conquistas administrativas.
Polarização e aposta eleitoral
A poucos meses das eleições legislativas de outubro, Milei reforçou a narrativa de guerra contra o establishment político, especialmente contra o kirchnerismo, que chamou de “movimento mais endividado da história argentina”. Também mirou o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, a quem classificou como “parasita”.
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“Estamos em guerra, vamos esmagá-los nas urnas”, declarou, prometendo uma “queda roxa” nas eleições, numa referência a uma onda de votos libertários. Ele afirmou que muitos opositores “nem em estatuetas as pessoas querem ver mais” e que “vão se surpreender com os resultados”.
Milei também exaltou seus ministros mais próximos, como o titular da Economia, Luis ‘Toto’ Caputo, e o responsável pela Desregulamentação, Federico Sturzenegger, por supostas “mais de 8 mil reformas estruturais”. Ambos têm sido peças-chave na tentativa de Milei de avançar sua agenda liberalizante.
O evento foi encerrado após falas de figuras da nova direita, como o influenciador Agustín Laje, que atacou o movimento LGBTQ+ e a esquerda, e o próprio Javier Negre, que liderou os ataques à imprensa. Do lado de fora, militantes vendiam camisetas e produtos com slogans contra jornalistas e opositores.