Uma operação de ciberespionagem atribuída à China pode ter exposto informações de praticamente todos os cidadãos dos Estados Unidos. É o que revelam autoridades americanas em uma denúncia coordenada com outros países ocidentais sobre o ataque do grupo hacker Salt Typhoon, descrito como o mais ambicioso já promovido por Pequim.
Segundo reportagem do New York Times, a ofensiva — que teria se estendido por anos e atingido mais de 80 países — mirou empresas de telecomunicações, agências governamentais e setores estratégicos, para rastrear alvos políticos e roubar propriedade intelectual, incluindo projetos sensíveis como designs de chips.
A ação teria sido conduzida por empresas chinesas vinculadas às agências de inteligência civil e militar do país, e permaneceu ativa desde 2019, embora só tenha sido descoberta em 2023.
O principal objetivo, afirmam as autoridades, era monitorar comunicações e movimentos de figuras de interesse do governo chinês, entre elas, o então presidente Donald Trump e o vice-presidente JD Vance, durante a campanha presidencial passada.
Telecomunicações, hospedagem e transporte
O ataque foi descrito como “indiscriminado” e “sem restrições” por autoridades dos EUA e Reino Unido, que lideraram a emissão de um alerta conjunto, assinado também por Canadá, Alemanha, Finlândia, Japão, Espanha e Itália.
Segundo os investigadores afirmaram para o jornal, os hackers conseguiram invadir redes de mais de meia dúzia de operadoras de telecomunicações norte-americanas, além de empresas de hospedagem, transporte e infraestrutura militar.
Os invasores exploraram vulnerabilidades antigas nas redes e conseguiram acesso a comunicações não criptografadas, como mensagens de texto e chamadas telefônicas.
Exposição global
Para os especialistas ouvidos pelo NYT, o ataque representa uma escalada no poder cibernético chinês e sinaliza que a capacidade de espionagem digital do país rivaliza com a dos EUA e seus aliados da OTAN. A declaração conjunta tem também um objetivo diplomático: expor publicamente a ofensiva e constranger o governo chinês.
Ainda não está claro se o ataque visava diretamente a população em geral ou se os dados de cidadãos comuns foram capturados incidentalmente. O que se sabe é que o escopo da ofensiva superou ações anteriores da China, que costumavam ter como alvo perfis mais restritos, como analistas de segurança, diplomatas ou autoridades envolvidas em temas sensíveis.
A operação Salt Typhoon reforça os alertas recentes sobre os riscos à segurança digital global, especialmente em setores críticos como comunicações, transporte e governo. Em meio à crescente tensão entre Washington e Pequim, a nova revelação pode elevar a pressão sobre empresas ocidentais para reforçar seus protocolos de cibersegurança e blindar dados estratégicos contra infiltrações estrangeiras.