Um amplo pacote de ajuda externa foi aprovado pelo Senado dos EUA na noite desta terça-feira (23), após meses de atraso, abrindo caminho para novos financiamentos à Ucrânia, que sofre com avanços do Exército russo e escassez de suprimentos militares em Kiev.
A medida teve 79 votos a favor e 18 contrários e reúne quatro projetos de lei aprovados pela Câmara dos Deputados no sábado (20), depois que os líderes republicanos da Câmara permitiram a votação dos US$ 95 bilhões (R$ 487 bilhões) em ajuda principalmente militar para Ucrânia, Israel e Taiwan e parceiros dos EUA no Indo-Pacífico.
Os quatro projetos de lei foram combinados em um pacote no Senado, que agora vai para sanção de Joe Biden. O presidente já afirmou que irá assinar a aprovação do pacote.
O maior projeto fornece US$ 61 bilhões (R$ 313 bilhões) em financiamento para a Ucrânia; um segundo fornece US$ 26 bilhões (R$ 133 bilhões) para Israel e ajuda humanitária para civis em zonas de conflito em todo o mundo; e um terceiro destina US$ 8,12 bilhões (R$ 41,6 bilhões) para “combater a China comunista” no Indo-Pacífico.
Um quarto projeto, que a Câmara acrescentou ao pacote na semana passada, inclui uma possível proibição do Tik Tok, aplicativo controlado por uma empresa chinesa, medidas para a transferência de bens russos apreendidos para a Ucrânia e novas sanções ao Irã.
O governo dos EUA já está preparando um pacote de ajuda militar de US$ 1 bilhão (R$ 5,13 bilhões) para a Ucrânia, o primeiro proveniente do projeto de lei, disseram duas autoridades norte-americanas à Reuters.
“Este é um ponto de inflexão na história. A democracia ocidental talvez tenha enfrentado a sua maior ameaça desde o fim da Guerra Fria”, disse o líder da maioria democrata, Chuck Schumer, no Senado.
O pacote de ajuda poderá ser o último aprovado para a Ucrânia até depois das eleições de novembro, quando a Casa Branca, a Câmara dos Deputados e um terço do Senado estarão em disputa.
Grande parte da oposição à assistência, tanto na Câmara como no Senado, veio de republicanos com laços estreitos com o ex-presidente Donald Trump, um cético em relação à ajuda à Ucrânia que tem enfatizado as políticas “América em primeiro lugar”, enquanto tenta se eleger para um segundo mandato.
O líder republicano do Senado, Mitch McConnell, um forte defensor da ajuda à Ucrânia, lamentou o atraso, em grande parte devido às objeções dos republicanos linha-dura em adicionar mais aos US$ 113 bilhões que os EUA aprovaram para enviar ao país europeu desde o início da guerra.
“Acho que superamos o movimento isolacionista”, avaliou McConnell em entrevista coletiva.
Parte do dinheiro da Ucrânia – US$ 10 bilhões (R$ 51,3 bilhões) em apoio econômico – vem na forma de um empréstimo, sugerido por Trump. Mas o projeto permite que o presidente perdoe o empréstimo a partir de 2026.
Preocupações humanitárias
O envio de armas deve ajudar a Ucrânia a evitar um grande avanço no leste por parte dos invasores russos, embora tivesse mais útil se isso acontecesse mais próximo de quando Biden solicitou no ano passado, avaliaram analistas.
Não ficou imediatamente claro como o dinheiro para Israel afetaria o conflito na Faixa de Gaza. Israel já recebe bilhões de dólares em assistência de segurança anual dos EUA, mas mais recentemente enfrentou o seu primeiro ataque aéreo direito por parte do Irã.
Apoiadores da ajuda humanitária esperam que a assistência ajude os palestinos em Gaza, que foi devastada pela campanha de Israel contra o Hamas em retaliação aos ataques de 7 de outubro, que mataram mais de 1.200 pessoas, segundo Israel.
As autoridades de saúde de Gaza, controladas pelo Hamas, afirmam que a ofensiva israelense levou à morte de mais de 34 mil pessoas.
Foi a segunda vez este ano que o Senado, liderado pelos Democratas, aprovou ajuda de segurança para a Ucrânia, Israel e o Indo-Pacífico. O último projeto de lei, há mais de dois meses, obteve 70% de apoio na câmara de 100 membros de republicanos e democratas.
Mas os líderes da Câmara, controlada pelos republicanos, não permitiram uma votação sobre a ajuda externa até à semana passada.
O progresso da legislação tem sido acompanhado de perto pela indústria, com empresas de defesa dos EUA a concorrerem a grandes contratos para fornecer equipamento à Ucrânia e a outros parceiros dos EUA.
Fonte: CNN International.