O Google alterou sua política de inteligência artificial (IA) e removeu uma cláusula que proibia o uso da tecnologia para o desenvolvimento de armas e vigilância. A mudança, revelada pela Bloomberg nesta terça-feira (4), marca uma revisão do compromisso assumido pela empresa em 2018.
Na época, o Google prometeu não aplicar IA em armamentos ou monitoramento que violassem direitos humanos, após pressão de milhares de funcionários contra um contrato com o governo dos EUA.
O projeto em questão, chamado Project Maven, usava IA para aprimorar ataques com drones.
Em uma postagem em seu blog, a big tech agora defende que empresas e governos devem trabalhar juntos em IA para garantir a “segurança nacional”. A postagem é assinada por James Manyika, vice-presidente do Google, e Demis Hassabis, líder do laboratório de IA Google DeepMind.
A Bloomberg aponta que o Google modificou a página em que detalhava sua abordagem para IA. Antes, o site incluía uma seção chamada “Aplicações de IA que não buscaremos”, onde a empresa afirmava não usar a tecnologia para fins que “causem ou possam causar danos gerais”. Essa informação não está mais disponível.
Na nova versão do texto, os executivos afirmam que os princípios de IA estabelecidos em 2018 precisavam ser atualizados para refletir os avanços da tecnologia.
“Acreditamos que as democracias devem liderar o desenvolvimento da IA, guiadas por valores fundamentais como liberdade, igualdade e respeito pelos direitos humanos. E acreditamos que empresas, governos e organizações que compartilham esses valores devem trabalhar juntos para criar uma IA que proteja as pessoas, promova o crescimento global e apoie a segurança nacional”, escreveram eles.
Segundo o portal especializado em tecnologia TechCrunch, alguns funcionários do Google têm criticado a empresa por fechar contratos para fornecer serviços de nuvem para militares de Israel e dos EUA.
Big techs próximas de Trump
O direito ao uso de armas de fogo por parte dos cidadãos é uma bandeira histórica do Partido Republicano e de Donald Trump. A nova abordagem do Google em relação ao tema ocorre em um momento em que as grandes empresas de tecnologia norte-americanas se mostram próximas do novo presidente dos EUA.
Sundar Pichai, CEO do Google, foi um dos presentes à posse de Trump, em 20 de janeiro, ao lado de figuras como Mark Zuckerberg (Meta), Jeff Bezos (Amazon), Tim Cook (Apple) e Shou Zi Chew (TikTok) – além de Elon Musk (Tesla, SpaceX e X), que também faz parte do novo governo como chefe do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental.
Pouco antes da posse do republicano, a Meta alterou de forma drástica sua política de moderação de conteúdo em suas plataformas. O anúncio, visto como um aceno a Trump, foi feito pelo próprio Mark Zuckerberg no dia 7 de janeiro.
Na ocasião, o chefe da Meta disse que era o momento de a empresa “voltar às nossas raízes em torno da liberdade de expressão” e afirmou que ela trabalharia com Trump para impedir a “censura” de outros países contra companhias norte-americanas.