O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revogou a capacidade da Universidade Harvard de matricular estudantes internacionais, informou o Departamento de Segurança Interna nesta quinta-feira (22).
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, ordenou que o departamento encerrasse a certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVP) da Universidade de Harvard, em um comunicado.
A medida significa que Harvard não pode mais matricular estudantes internacionais e os estudantes estrangeiros existentes devem se transferir ou perderão seu ‘status legal’, ela acrescentou.
Noem ordenou o encerramento da SEVP citando a recusa da universidade em entregar os registros de conduta de estudantes estrangeiros solicitados pelo departamento no mês passado.
Em uma carta a Harvard nesta quinta-feira, ela acusou a universidade de “perpetuar um ambiente de campus inseguro, hostil aos estudantes judeus, que promove simpatias pró-Hamas e emprega práticas racistas de ‘diversidade, equidade e inclusão’”.
“Que isso sirva de alerta para todas as universidades e instituições acadêmicas do país”, afirma o comunicado da Segurança Interna.
Harvard se tornou o ponto inicial do conflito do governo Trump com as universidades de elite dos EUA, buscando interferir a programação, as políticas, as contratações e as admissões em alguns campi, ameaçando cortar benefícios federais.
Autoridades de Trump afirmam que estão tentando banir o antissemitismo após os protestos contenciosos nos campi sobre a guerra entre Israel e o Hamas e erradicar os programas de inclusão que denunciam como “discriminação ilegal e imoral”.
Resposta de Harvard
A universidade rapidamente condenou a medida como “ilegal” em uma declaração nesta quinta-feira, acrescentando que está “totalmente comprometida em manter a capacidade de Harvard de receber estudantes e acadêmicos internacionais, que vêm de mais de 140 países e enriquecem a Universidade — e esta nação — imensamente”.
“Estamos trabalhando rapidamente para fornecer orientação e apoio aos integrantes da nossa comunidade. Esta ação retaliatória ameaça causar sérios danos à comunidade de Harvard e ao nosso país, além de minar a missão acadêmica e de pesquisa de Harvard”, disse o porta-voz da universidade, Jason Newton.
Uma parcela do corpo discente de Harvard poderá ser afetada. A universidade afirma ter 9.970 pessoas em sua população acadêmica internacional, e dados mostram que 6.793 estudantes internacionais representam 27,2% de sua matrícula no ano letivo de 2024-25.
Alguns funcionários de Harvard temem que drenar a universidade de seus estudantes estrangeiros possa enfraquecer a capacidade acadêmica da instituição e, potencialmente, da comunidade acadêmica americana como um todo.
O professor de economia de Harvard e ex-funcionário do governo Obama, Jason Furman, chamou a medida de “horrível em todos os níveis”.
“É impossível imaginar Harvard sem nossos incríveis estudantes internacionais. Eles são um enorme benefício para todos aqui, para a inovação e para os Estados Unidos em geral”, disse Furman.
“O ensino superior é uma das grandes exportações dos Estados Unidos e uma fonte fundamental do nosso soft power. Espero que isso seja interrompido rapidamente antes que os danos se agravem”, acrescentou.
A Universidade de Harvard e a Casa Branca não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.