As Forças Armadas receberam com “animação, alívio e otimismo” o avanço da proposta que garante R$ 30 bilhões para projetos estratégicos da defesa nacional nos próximos seis anos e já começaram a planejar os próximos passos.
A lei, que libera R$ 5 bilhões por ano fora do arcabouço fiscal, foi aprovada por 57 votos favoráveis e apenas quatro contrários no plenário do Senado e segue agora para a Câmara dos Deputados.
Após uma votação que uniu parlamentares de esquerda e direita, os militares se sentiram atendidos após anos alegando que as Forças Armadas brasileiras operam em subcapacidade, sem orçamento suficiente nem mesmo para a manutenção de equipamentos.
A medida foi vista como um alívio momentâneo, enquanto os militares aguardam a aprovação da PEC da Previsibilidade (Proposta de Emenda à Constituição), que estabelece a aplicação de 2% do PIB em defesa — meta alinhada aos padrões da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Esse assunto deve ficar para quem for eleito em 2026, avaliam.
As Forças Armadas já planejam como os recursos serão aplicados.Reserva, com oficiais-generais das três forças: Marinha, Exército e Força Aérea.
FAB
Na FAB (Força Aérea Brasileira), a prioridade deve ser concluir o cronograma de entrega dos caças suecos Gripen.
A falta de orçamento atrasou o calendário de entregas das aeronaves, antes previsto para ser finalizado em 2024, agora estendido até 2032. Apenas 10 dos 36 caças foram entregues.
Parte da verba também deve ser usada para pagamento e equalização de juros. Cálculos internos da FAB indicam que, com o valor gasto apenas em juros, seria possível comprar entre três e cinco novos caças.
A modernização e manutenção das aeronaves em operação também está entre as prioridades, assim como o avanço na aquisição e desenvolvimento de drones modernos, um dos pontos considerados mais frágeis das forças brasileiras.
Marinha
A Marinha do Brasil, a mais antiga das Forças Armadas, deve destinar parte dos recursos ao avanço do programa do submarino nuclear brasileiro, que ainda caminha em ritmo lento. Outro foco será a renovação e construção de novas fragatas, processo que já ocorre de forma limitada.
Também estão nas prioridades os investimentos em sistemas de monitoramento da Amazônia Azul, a imensa área marítima sob jurisdição brasileira, rica em recursos estratégicos e responsável por mais da metade da extensão territorial do país.
A proteção dessa região exige tecnologias de ponta, como radares, inteligência artificial e análise de dados, que dependem de investimentos contínuos.
Nesse contexto, a Marinha pretende acelerar o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, voltado à vigilância e resposta rápida a incidentes no mar. As restrições orçamentárias têm atrasado sua implementação.
A primeira unidade de vigilância, em Ilha Grande (RJ), tem entrega prevista para 2026, enquanto a segunda, planejada para o Farol de Cabo Frio, ainda depende de liberação de recursos.
Exército
No Exército Brasileiro, generais e oficiais apontam duas frentes prioritárias: o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) e a modernização da artilharia.
O Sisfron, criado nos anos 2000, é considerado defasado e precisa ser atualizado.
A proteção das fronteiras, especialmente na região amazônica, é vista como estratégica e sensível, já que a área é marcada por espionagem internacional, tráfico de drogas e atuação de organizações criminosas.
Outra prioridade é a aquisição de novos sistemas de artilharia e mísseis táticos de cruzeiro, já que os estoques atuais são considerados muito baixos.

