Israel e Hamas retomam nesta segunda-feira (6) no Cairo negociações indiretas para o fim da guerra na Faixa de Gaza, na véspera do conflito completar dois anos.
Desta vez, as tratativas serão sobre um plano elaborado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que delineia termos para a paz entre Israel e o grupo terrorista palestino, a libertação dos reféns israelenses e o futuro de Gaza e do Hamas no pós-guerra. Especialistas apontam que o plano de Trump possui imperfeições.
Representantes do Hamas, do Catar e do Egito — esses dois últimos são mediadores das conversas de paz junto com os EUA — iniciaram as negociações nesta segunda-feira por volta das 7h no horário de Brasília. A delegação israelense chega ao Cairo nesta segunda, segundo o gabinete do premiê Netanyahu.
A proposta americana foi aceita de forma integral por Israel. Até o momento, o Hamas aceitou somente três dos 20 pontos da proposta de Trump: libertar de uma vez todos os reféns israelenses, entregar o poder em Gaza a tecnocratas e a retirada gradual das tropas israelenses.
Trump solicitou pressa nas negociações e ameaçou “obliterar” o grupo terrorista palestino caso o acordo seja inviabilizado.
No domingo, tanto Trump quanto o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disseram que reuniões sobre o assunto já estavam acontecendo, porém não deram mais detalhes. Trump disse que sua proposta “é um ótimo negócio para Israel, os países árabes e o mundo como um todo” e acredita que os reféns serão libertados “muito em breve”. Já Rubio afirmou que espera finalizar rapidamente a logística para a soltura dos reféns. “90% do acordo está concluído, e estamos finalizando a parte logística”, disse.
A intensa movimentação diplomática, na véspera do segundo aniversário do ataque terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, ocorre após o grupo terrorista ter dado uma resposta positiva ao plano de Trump e ultimato do presidente americano para que ambos os lados cheguem a um consenso.
Também participam das negociações no Egito o enviado especial do governo Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o genro de Trump, Jared Kushner.
No final de semana, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse esperar que todos os reféns mantidos em Gaza sejam trazidos de volta “nos próximos dias”. Ao mesmo tempo, disse que não cumprirá nenhum termo do acordo de Trump antes de todos os cerca de 50 reféns israelenses ainda em cativeiro — alguns deles estão vivos e outros, mortos — cruzarem a fronteira de Gaza para Israel.
Um oficial do Hamas afirmou à agência de notícias AFP no domingo que o grupo busca um resultado positivo nessas negociações no Cairo para começar “imediatamente” a libertação dos reféns israelenses em troca da soltura de prisioneiros palestinos mantidos por Israel. No entanto, o Hamas protestou que Israel continua fazendo bombardeios em Gaza — os ataques mataram dezenas de pessoas durante o final de semana, segundo autoridades de saúde palestinas.
Sobre os bombardeios, Rubio ecoou uma fala de Trump ao dizer que Israel precisa parar com os bombardeios para ser possível retirar os reféns de Gaza com segurança. O gabinete de Netanyahu afirmou estar no direito de continuar os ataques e fazer breves pausas nos ataques enquanto um cessar-fogo não estiver em vigor.
A guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza começou em outubro de 2023, após o ataque terrorista do grupo palestino em território israelense deixar mais de 1.200 mortos e cerca de 250 serem levados como reféns.
Desde então, o conflito gerou uma grave crise humanitária entre os palestinos e situação de fome generalizada e deixou mais de 67 mil mortos e quase 170 mil feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas — essa contagem é chancelada pela ONU. A guerra também causou diversos deslocamentos forçados de palestinos, algo que é considerado crime de guerra à luz do direito internacional.