A Itália está transportando o primeiro grupo de imigrantes para a Albânia a bordo de um navio da Marinha, disse uma fonte próxima ao assunto nesta terça-feira (15), ativando um plano controverso para processar milhares de requerentes de asilo no exterior.
O governo de Giorgia Meloni construiu dois centros de recepção na Albânia, o primeiro acordo desse tipo envolvendo uma nação da União Europeia desviando migrantes para um país não pertencente à UE em um esforço para impedir chegadas irregulares.
A fonte, que pediu para não ser identificada, disse que o navio Libra partiu de perto da ilha de Lampedusa com 16 imigrantes do sexo masculino que foram resgatados no mar no domingo (13). Dez eram de Bangladesh e seis do Egito — ambos considerados países seguros pela Itália.
A Itália disse que apenas homens “não vulneráveis” vindos de países classificados como seguros seriam enviados para a Albânia.
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Atualmente, há 21 dessas nações na lista italiana. No ano passado, 56.588 migrantes chegaram à Itália de apenas quatro delas — Bangladesh, Egito, Costa do Marfim e Tunísia.
A Libra deveria chegar à Albânia na manhã de quarta-feira (16), disse a fonte.
Sob os termos do acordo da Albânia, até 36.000 migrantes podem ser despachados para a nação balcânica a cada ano, desde que venham da lista de países seguros, o que limita severamente a possibilidade de obterem asilo.
No entanto, uma decisão do Tribunal de Justiça Europeu (ECJ) emitida no início deste mês pode atrapalhar o projeto, dizem os especialistas, pois limita a definição do que pode ser considerado um país seguro fora da UE.
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A Itália está dando um exemplo para o resto da Europa ao enviar migrantes para países terceiros para processar seus pedidos de asilo, disse a primeira-ministra Giorgia Meloni nesta terça-feira, descartando preocupações de que estaria violando direitos humanos.
“É um caminho novo, corajoso e sem precedentes, mas que reflete perfeitamente o espírito europeu e tem todos os ingredientes de um caminho a ser seguido com outras nações não pertencentes à UE também”, disse Meloni ao Senado.
A Itália disse que apenas homens “não vulneráveis” vindos de países classificados como seguros seriam enviados para a Albânia.
Mais de um milhão de migrantes chegaram à Itália de barco nos últimos 12 anos. A grande maioria foge rapidamente dos centros de recepção espalhados pelo país e busca trabalho na Itália ou, então, segue para o norte da Europa mais rico.
Os centros serão operados sob a lei italiana, com segurança e equipe italianas, e juízes ouvindo casos por meio de ligações por vídeo. O governo de Meloni espera que a ameaça de detenção em instalações seguras na Albânia sirva como um impedimento para possíveis migrantes.
No entanto, grupos de direitos humanos dizem que a iniciativa visa proteger fronteiras, não vidas.
“O plano Itália-Albânia é uma forma de contornar responsabilidades sobre asilo. É mais uma tentativa de militarizar fronteiras”, disse Giorgia Linardi, porta-voz da instituição de caridade Sea-Watch que realiza resgates no Mediterrâneo — uma das travessias de migrantes mais perigosas do mundo.
A Itália sempre lutou para persuadir os países a aceitar de volta todos os seus cidadãos migrantes e não há nenhuma indicação de que o plano da Albânia facilitará repatriações rápidas, pois alguns países têm limites no número de cidadãos que aceitam de volta.