O Kremlin disse, nesta quinta-feira (14), que os comentários sobre armas nucleares feitos pelo presidente russo, Vladimir Putin, em uma entrevista à mídia estatal, não constituíam uma ameaça de usá-las, e acusou os EUA de retirarem deliberadamente os comentários de seu contexto.
Putin disse na entrevista publicada na quarta-feira que a Rússia estava tecnicamente preparada para uma guerra nuclear e que, se os EUA enviassem tropas para a Ucrânia, isso seria considerado uma escalada significativa do conflito.
Comentando as declarações de Putin, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse a repórteres que Washington entendia que o líder russo estava reafirmando a doutrina nuclear de Moscou, mas acusou a Rússia de utilizar uma retórica nuclear “imprudente e irresponsável” durante todo o conflito na Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta quinta-feira que Putin estava apenas respondendo às perguntas de um jornalista sobre o assunto e reafirmando as circunstâncias já bem conhecidas nas quais a Rússia seria teoricamente forçada a usar armas nucleares.
Peskov também chamou a atenção para o fato de Putin ter dito na mesma entrevista que a ideia de usar armas nucleares táticas na Ucrânia nunca tinha passado por sua cabeça.
Questionado sobre os comentários da Casa Branca, Peskov disse: “Isso foi deliberadamente tirar algo do contexto. Putin não fez ameaças sobre o uso de armas nucleares nesta entrevista. O presidente estava apenas falando sobre as razões que poderiam tornar inevitável o uso de armas nucleares.”
“Estas são as razões expostas nos nossos documentos relevantes, que são bem conhecidos em todo o mundo. Além disso, todos no Ocidente deliberadamente não repararam nas suas palavras de que nunca lhe tinha ocorrido usar armas nucleares táticas [na Ucrânia], apesar das diversas situações que se desenvolveram durante os combates”, acrescentou.
“Esta é uma distorção deliberada do contexto e uma falta de vontade de ouvir o presidente Putin”, completou.