Dois militares dos Seals, a força de elite da Marinha americana, desapareceram após caírem no mar da Somália durante uma operação para apreender armas do Irã que estariam a caminho dos rebeldes houthis, disseram autoridades dos Estados Unidos mencionadas pelo jornal The New York Times.
Os agentes tentavam abordar uma pequena embarcação a vela após informações da inteligência americana. Durante a operação, um militar escorregou da escada de embarque e caiu na água. Outro membro da equipe pulou no mar para tentar resgatar o companheiro, mas os dois foram levados pela correnteza, de acordo com a publicação.
A operação ocorreu na última quinta-feira (11) e contou com o apoio de helicópteros e drones. Os militares disseram ter apreendido componentes de mísseis balísticos e de cruzeiro fabricados no Irã que seriam enviados ao Iêmen. Os itens incluem sistemas de propulsão e ogivas para mísseis antinavio usados pelos houthis em ataques no mar Vermelho, além de componentes para defesa aérea.
A transferência de armas para o grupo rebelde baseado em território iemenita viola a lei internacional e uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, justificaram os militares. Os houthis, que apoiam o Hamas no conflito contra Israel, dominam parte do Iêmen numa guerra civil que se arrasta desde 2014.
Foi a primeira apreensão realizada pelas forças americanas de armas fornecidas pelo Irã aos houthis desde que o grupo rebelde iniciou os ataques na região, em 19 de novembro, segundo o New York Times. Durante a operação o mar estava agitado e a embarcação balançava fortemente.
O governo americano descreve o desaparecimento dos militares como acidente. Navios e aeronaves eram usados em operações de buscas nesta quarta. Segundo autoridades, os militares de elite são treinados para sobreviver à deriva no mar por vários dias.
Nos últimos dias as forças americanas e do Reino Unido fizeram uma série de ataques contra alvos houthis no Iêmen, aumentando os temores de que a guerra entre Israel e Hamas se espalhe pelo Oriente Médio. O grupo rebelde prometeu vingança e declarou guerra aos navios dos EUA no mar Vermelho.
Os rebeldes aliados ao Irã e ao Hamas atacaram com mísseis na segunda (15) um cargueiro americano perto de Áden, no sul iemenita. Um deles atingiu a embarcação, mas não houve vítimas, e os danos não impediram que a embarcação seguisse viagem. No dia seguinte, na terça (16), os houthis tiveram como alvo um navio grego de bandeira maltesa que rumava a Israel, em ação que tampouco provocou vítimas ou danos significativos.
As ações mostraram que os houthis permanecem na ofensiva após EUA e o Reino Unido terem lançado ataques contra suas posições e depois da criação de uma força-tarefa, coordenada por Washington, para proteger rotas comerciais.
Cerca de 15% do comércio marítimo do mundo passa pela região. No canal de Suez, que liga o mar Vermelho ao Mediterrâneo, o trânsito caiu 90% desde o início dos ataques. Diversas empresas desviaram seus navios ligando o Oriente Médio à Europa por rotas alternativas em torno da África, o que aumenta o custo do frete e o tempo de viagem.
Historicamente especializados em missões de reconhecimento no mar, os Seals constituem, junto de seus colegas da Força Delta (grupo especial antiterrorismo) e dos Boinas Verdes (Exército), a ponta de lança da rede de serviços de Inteligência e Defesa dos Estados Unidos.
Dedicadas a missões de alto risco, os Seals foram responsáveis pela operação que matou o líder terrorista Osama bin Laden em 2011. A sigla do grupo representa os ambientes em que operam (sea, air, land -ou mar, ar e terra).