O Museu do Louvre, um dos mais famosos e o mais visitado do mundo, reabriu nesta quarta-feira (22), três dias após oito joias serem roubadas em um crime cinematográfico.
Na segunda-feira (20), dia seguinte do roubo, o local amanheceu fechado e com segurança reforçada. O museu normalmente não abre às terças, e o funcionamento foi retomado nesta quarta.
Seguranças armados foram vistos em frente ao museu. Na segunda-feira, usaram até cães farejadores para reforçar o perímetro. O ministro francês do Interior, Laurent Nuñez, afirmou na segunda-feira que mandou reforçar a segurança nos arredores de museus e instituições culturais após o roubo.

Ladrões invadiram o Louvre na manhã de domingo usando um guindaste, quebraram uma janela da Galeria de Apolo, que abriga itens que pertenceram à realeza francesa, e roubaram joias da coroa com um valor estimado de 88 milhões de euros, o equivalente a mais de R$ 550,2 milhões, em uma operação que durou sete minutos.
Ao menos quatro suspeitos estão envolvidos no crime e ainda estão à solta, segundo a polícia. O local foi fechado e os turistas tiveram que evacuar o museu.
Muitos turistas se amontoaram perto da entrada do museu na manhã de segunda, porque já estavam na fila para entrar no museu, sendo avisados de que a visitação foi cancelada apenas uma hora após o horário previsto para a abertura.
Muitos dos turistas criticaram a falta de aviso prévio. “Planejei este dia por meses”, disse à agência de notícias Reuters o colombiano Samuel Joya. “Eles deveriam ter nos avisado ontem à noite”, disse o visitante americano Michael Dalton.
Os ministérios da Cultura e do Interior realizaram reuniões de emergência nesta segunda-feira, mas não deram uma data para a reabertura do museu até a última atualização desta reportagem. As autoridades prometeram reembolsos aos visitantes que não conseguiram visitar o museu.
O roubo gerou indignação na França. Nesta segunda-feira, o ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, classificou o caso como “deplorável” e disse que “falhamos”. Darmanin afirmou também que o roubo “prejudica a imagem” do país.
Como foi o roubo?
A invasão ocorreu por volta de 9h30 (madrugada no Brasil), cerca de 30 minutos após a abertura do museu.
Segundo as autoridades francesas, ao menos quatro suspeitos participaram do roubo. Dois invadiram o Louvre pela fachada voltada para o Rio Sena usando um guindaste acoplado a um caminhão e arrombaram uma janela. O veículo estava estacionado ao lado do museu.
Dentro da Galeria de Apolo, os ladrões quebraram as vitrines para pegar as joias. Depois, fugiram de moto com os comparsas.
O que foi levado e o que não foi?
Nove peças foram levadas, segundo o Ministério Público da França, mas uma delas já foi recuperada, após ser encontrada danificada em uma rua próxima ao museu.
É a coroa da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, composta por 1.354 diamantes e 56 esmeraldas.
Alguns dos itens que permanecem desaparecidos:
- Coroa com safiras e quase 2.000 diamantes.
- Colar com oito safiras do Sri Lanka e mais de 600 diamantes da rainha consorte Maria Amélia.
- Colar e brincos da imperadora Maria Luisa, segunda esposa de Napoleão Bonaparte, com 32 esmeraldas e 1.138 diamantes.
- Broche com 2.634 diamantes da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, adquirido pelo Louvre em 2008 por € 6,72 milhões — cerca de R$ 42,2 milhões.
O item mais caro da coleção não foi levado. É o diamante Regent, de 140 quilates, avaliado em US$ 60 milhões (cerca de R$ 377 milhões), segundo estimativas da casa de leilões Sotheby’s.
O que se sabe sobre os ladrões?
Ninguém foi preso até agora, nem identificado. Os investigadores vão avaliar imagens de câmeras de segurança e interrogar funcionários para tentar chegar aos suspeitos.
As autoridades também buscam saber se há envolvimento de algum trabalhador do museu para facilitar a entrada dos ladrões, que usavam coletes amarelos como disfarce.
Todas as hipóteses são consideradas, disse Laure Beccuau, promotora de Paris. Uma das linhas de investigação, segundo ela, é que o roubo tenha sido encomendado por um colecionador.
O envolvimento do crime organizado não está descartado. Neste caso, afirmou ela, as joias poderiam ser usadas em transações para lavar dinheiro de origem ilegal.
“Hoje em dia, tudo pode estar ligado ao narcotráfico, dadas as somas significativas de dinheiro obtidas.”
O que disseram as autoridades?
O presidente Emmanuel Macron prometeu recuperar as joias roubadas e afirmou que os criminosos serão punidos e “levados à Justiça” em um post na rede social X.
“O roubo do Louvre é um ataque a um patrimônio que prezamos porque faz parte da nossa história. Recuperaremos as obras e os responsáveis serão levados à justiça. Tudo está sendo feito, em todos os lugares, para alcançar esse objetivo, sob a liderança do Ministério Público de Paris”, disse.
O ministro do Interior, Laurent Nuñez, lamentou o crime e afirmou que as peças roubadas tinham um “valor inestimável”.
“Eles claramente fizeram um reconhecimento prévio. Parecem muito experientes. Essas joias tinham valor inestimável, eram um verdadeiro patrimônio”, declarou o ministro.
A ministra da Cultura do país, Rachida Dati, afirmou que ninguém ficou ferido na ação criminosa.