A irmã mais velha do empresário paquistanês Shahzada Dawood, Azmeh Dawood, disse que o sobrinho de 19 anos, o estudante Suleman Dawood, estava “apavorado” com a viagem de submarino até os destroços do naufrágio do Titanic. O jovem estava relutante em embarcar nos dias anteriores à viagem.
Dias antes do Titan entrar no mar canadense, o jovem, que acompanhava o pai na expedição, estava hesitante se deveria ir ou não, conforme a tia relatou à emissora americana NBC News nesta quinta-feira, 22.
Azmeh contou que o sobrinho disse a um parente que “não estava muito a fim”, e que se sentia “apavorado” com a viagem de exploração dos destroços do Titanic. Mesmo assim, o jovem estudante decidiu embarcar no submarino da OceanGate, já que a data da viagem caiu no fim de semana de Dia dos Pais, e ele queria agradar Shahzada, que era apaixonado pela história do Titanic.
“Fico pensando no Suleman, que tem 19 anos, lá dentro [do submarino], talvez sufocando… Tem sido perturbador, para ser honesta”, disse Azmeh.
Ela ficou desolada quando a OceanGate, empresa responsável pela expedição, confirmou que os cinco passageiros foram dados como mortos. A Guarda Costeira dos Estados Unidos disse que os detritos na área de busca indicaram uma “implosão catastrófica”. “Estou incrédula. É uma situação surreal”, emocionou-se a tia do garoto.
Os últimos quatro dias foram de agonia para a família de Azmeh. Ela relata que ficava na frente da televisão, assistindo à cobertura jornalística da busca pelo Titan, esperando por notícias do irmão e do sobrinho, temendo o pior.
“Sinto que fui posta em um filme muito ruim, com contagem regressiva, mas não sabia para que estava contando. Pessoalmente, tive dificuldade de respirar pensando neles. Nunca imaginei que eu teria um problema com respiração. Tem sido uma experiência diferente de tudo que já vivi”, disse.
Azmeh e Shahzada são descendentes de uma das mais proeminentes dinastias corporativas no Paquistão. A empresa que leva o nome da família, Dawood Hercules Corp. possui investimentos na agricultura, no setor da saúde e outras indústrias.
Shahzada era o vice-presidente da Engro Corporation, com sede em Karachi, e era conselheiro do Prince’s Trust International, uma organização de caridade fundada pelo rei Charles III.
Azmeh conta que perdeu o contato nos últimos anos com o irmão caçula. Ela foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2014 e precisou usar cadeira de rodas. Ela e o marido se mudaram da Inglaterra para Amsterdam, na Holanda, onde ela poderia ter o acesso facilitado à cannabis medicinal.
Alguns membros da família, como Shahzada, não aprovavam o uso da cannabis medicinal, e Azmeh perdeu o contato com os familiares. Ela diz que continuava próxima de Suleman, que descreveu como “um jovem de bom coração”.
Família
Apesar da distância e da falta de contato, as notícias de que o homem estaria morto lembraram Azmeh do amor que sentia pelo irmão. “Ele era meu irmãozinho. Eu o segurei quando ele nasceu”, disse emocionada.
A família de Shahzada pediu que as pessoas mantenham os falecidos e a família em suas orações, e agradeceram as equipes de buscas pelos “incansáveis esforços”. “O imenso amor e apoio que estamos recebendo nos ajuda a encarar essa perda inimaginável”, disseram Hussain e Kulsum Dawood.
Azmeh lembrou que o irmão era “absolutamente obcecado” pelo Titanic desde pequeno. Quando eram crianças, no Paquistão, os irmãos Dawood assistiam ao filme britânico ‘Somente Deus por Testemunha’, de 1958, que retrata a história por trás do naufrágio.
Shahzada, ao conhecer o cunhado, perguntou se ele gostaria de assistir a um documentário de quatro horas sobre o Titanic. Ele também amava ir a exposições com artefatos recuperados do naufrágio.
Ela não ficou surpresa quando descobriu que o irmão havia comprado a viagem da OceanGate. Ela explicou que não era algo que ela faria. “Eu não teria entrado no Titan nem por um milhão de dólares”, disse.
“Me sinto muito mal porque o mundo teve que passar por tanto trauma, tanto suspense”, concluiu.
*Com informações Terra