O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammed Shtayyeh, e seu gabinete apresentaram suas renúncias, em um anúncio nesta segunda-feira (26).
“Gostaria de informar ao honorável conselho e ao nosso grande povo que coloquei a renúncia do governo à disposição do Sr. Presidente (Mahmoud Abbas), na última terça-feira, e hoje a apresento por escrito”, disse Shtayyeh em um post no Facebook.
A renúncia ocorre quando a Autoridade Palestina (AP), que é vista como corrupta, sofre intensa pressão dos Estados Unidos para reformar e melhorar sua governança na Cisjordânia ocupada por Israel.
A AP foi criada em meados da década de 1990 como um governo temporário pendente da independência palestina depois que a Organização de Libertação da Palestina assinou os Acordos de Oslo com Israel. A sede fica na cidade ocupada da Cisjordânia de Ramallah e exerce autogoverno nominal em partes do território.
O governo, que é dominado pelo partido político Fatah, manteve o controle administrativo sobre Gaza até 2007, depois que o Hamas venceu as eleições legislativas de 2006 nos territórios ocupados e o expulsou da Faixa. Israel rejeitou a perspectiva do retorno da AP a Gaza após a guerra e rejeitou a ideia de estabelecer um Estado palestino nos territórios.
Os EUA, no entanto, favorecem que uma AP reformada esteja no controle tanto da Cisjordânia quanto de Gaza como parte de um futuro Estado independente.
Shtayyeh, que foi nomeado primeiro-ministro em 2019, disse em outubro que não pode haver solução para o conflito Israel-Palestina sem os Estados Unidos, mas acrescentou que a atual administração dos EUA não tem vontade política para acabar com o conflito. “Eles estão gerenciando isso”, disse ele.
A AP também é muito impopular entre os palestinos, que a veem como incapaz de fornecer segurança diante das incursões israelenses regulares na Cisjordânia. Uma pesquisa realizada pelo Centro Palestino de Políticas e Pesquisas em dezembro mostrou que mais de 60% dos palestinos querem que a AP seja dissolvida. Enquanto isso, o apoio ao presidente Abbas, que ocupa o cargo desde 2005, caiu. Na Cisjordânia, 92% dos entrevistados querem que ele renuncie, de acordo com a pesquisa.
O cargo de primeiro-ministro na AP foi criado em 2003, após a Segunda Intifada Palestina (revolta) após os EUA, a União Europeia e Israel pedirem reformas. Foi o primeiro movimento real em direção ao compartilhamento de poder pelo então presidente Yasser Arafat desde que a AP foi estabelecida. Na época, Arafat nomeou Abbas como primeiro-ministro. Abbas assumiu como presidente depois que Arafat morreu em 2004.