Ao menos 290 pessoas morreram após a queda de um avião da Air India logo após a decolagem do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia nesta quinta-feira (12), informou à imprensa um médico sênior do Hospital Civil de Ahmedabad, para onde a maioria dos mortos e feridos foi levada.
O voo 171 seguia para o aeroporto de Gatwick, em Londres, no Reino Unido. O avião, um Boeing 787-8 Dreamliner, possuia 230 passageiros (169 indianos, 53 britânicos, 7 portugueses e 1 canadense) e 12 tripulantes a bordo.
Entre os mortos estão passageiros do voo e pessoas que estavam dentro do alojamento do BJ Medical College and Hospital — a aeronave caiu em cima do edifício.
Ao menos 50 estudantes de Medicina que estavam no local do acidente foram levados para hospitais, segundo informações da Federação da Associação Médica da Índia (FAIMA, na sigla em inglês).
A depender da confirmação do número de vítimas em solo, este poderá ser o acidente aéreo mais mortal da última década, superando o número de mortos em acidente com avião militar na Argélia, em abril de 2018.

O avião decolou do aeroporto às 13h38 no horário local, 5h08 de Brasília.
Foi emitido um pedido de socorro ao controle de tráfego aéreo, mas a aeronave não enviou novas comunicações na sequência, segundo as informações disponíveis até o momento.
Após a decolagem, o avião caiu fora do perímetro do aeroporto, em uma área residencial. As primeiras imagens do local do acidente mostravam uma coluna de fumaça preta e densa.
A Federação da Associação Médica da Índia afirmou mais cedo que cinco estudantes de Medicina estavam desaparecidos e pelo menos dois estavam na unidade de terapia intensiva (UTI).
Familiares de alguns médicos também estavam desaparecidos.
Darshna Vaghela, uma representante política local, disse a repórteres que os apartamentos de vários médicos foram danificados.
“Eu estava no meu escritório ali perto quando o avião caiu e houve um baque forte”, disse ela. “Resgatamos muitos médicos de seus apartamentos.”
O único sobrevivente

Vishwash Kumar Ramesh, um passageiro britânico que estava no assento 11A do voo da Air India, foi o único sobrevivente.
A imprensa indiana diz que ele compartilhou seu cartão de embarque, que mostrava seu nome e o número do assento.
No hospital, ele deu à imprensa seu primeiro relato de como testemunhou a tragédia.
“Trinta segundos após a decolagem, houve um barulho alto e, em seguida, o avião caiu. Tudo aconteceu muito rápido”, disse o passageiro.
O Ministro do Interior da Índia, Amit Shah, foi ao encontro do sobrevivente e de outras pessoas que ficaram feridas.
Imagens de agências de notícias mostraram Shah se encontrando Ramesh em seu leito de hospital.
Reação das autoridades
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, prestou solidariedade aos passageiros e familiares do voo da Air India.
“As cenas que surgem de um avião com destino a Londres, que transportava muitos cidadãos britânicos, são devastadoras”, declarou ele.
“Estou atento ao desenrolar da situação e meus pensamentos estão com os passageiros e suas famílias neste momento profundamente angustiante.”
O primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, escreveu no X que “a tragédia em Ahmedabad é de partir o coração”.
“Mantenho contato com ministros e autoridades que estão trabalhando para ajudar os afetados”, assegurou ele.
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, disse estar “devastado” e acrescentou que “as autoridades de transportes do Canadá estão em contato próximo com seus colegas”.
“Estou recebendo atualizações regulares conforme a resposta a esta tragédia se desenrola”, completou ele.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, disse em uma publicação no X: “Em meu nome e em nome do governo, gostaria de expressar minhas condolências e profunda solidariedade às famílias das vítimas.”

Em um comunicado publicado no X, o presidente da Air India, Natarajan Chandrasekaran, afirmou: “Nossos pensamentos e mais profundas condolências estão com as famílias e entes queridos de todos os afetados por este evento devastador.”
“Neste momento, nosso foco principal é apoiar todas as pessoas afetadas e suas famílias. Estamos fazendo tudo o que podemos para auxiliar as equipes de resposta a emergências no local e fornecer todo o apoio e cuidados necessários às pessoas afetadas.”
“Mais atualizações serão compartilhadas à medida que recebermos informações verificadas. Um centro de emergência foi ativado e uma equipe de apoio foi criada para as famílias que buscam informações”, detalhou ele.
Primeiro acidente do tipo com esse modelo de avião
O acidente da Air India marca a primeira vez que um Boeing 787 cai dessa forma, destaca o repórter Jonathan Josephs, da BBC News.
Essa aeronave foi lançada há 14 anos e, há apenas seis semanas, a fabricante americana de aviões elogiou o fato de o modelo, também conhecido como Dreamliner, ter ultrapassado a marca de transportar 1 bilhão de passageiros.
Para marcar a ocasião, a empresa afirmou que a frota global de 787, com mais de 1.175 aeronaves, realizou quase 5 milhões de voos, e totalizou mais de 30 milhões de horas de voo.
Para Josephs, o acidente representa um golpe para a empresa, que tem lutado para superar uma série de problemas, incluindo acidentes fatais.
O fato também será mais um teste para o CEO da Boeing, Kelly Ortberg, que está prestes a completar um ano no cargo.
Ele foi contratado para tentar ajudar a companhia a resolver uma série de problemas que levantaram questões sobre o futuro do negócio.
Após o acidente na Índia, o presidente da Boeing, Kelly Ortberg, emitiu um comunicado sobre o acidente.
“Nossas mais profundas condolências aos entes queridos dos passageiros e tripulantes do voo 171 da Air India, bem como a todos os afetados em Ahmedabad”, afirmou.
Ortberg afirmou ter conversado com o presidente da Air India, Natarajan Chandrasekaran, “para oferecer total apoio” e reitera que a Boeing apoiará a investigação conduzida pelo Escritório de Investigação de Acidentes de Aeronaves da Índia.