Tanques israelenses avançaram para uma nova área nos arredores da Cidade de Gaza durante a noite, destruindo casas e fazendo com que moradores fugissem, relataram testemunhas, antes de uma reunião sobre a guerra que será presidida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Washington, nesta quarta-feira (27).
Tanques entraram no bairro de Ebad-Alrahman, no extremo norte da Cidade de Gaza, na noite de terça-feira (26), e bombardearam casas, ferindo várias pessoas e forçando muitas outras, que haviam sido pegas de surpresa, a se refugiarem no maior município do território, disseram moradores.
“De repente, ouvimos os tanques avançando para Ebad-Alrahman, os sons das explosões ficaram cada vez mais altos, e vimos pessoas fugindo em direção à nossa área”, disse Saad Abed, 60 anos, ex-operário da construção civil.
“Se nenhuma trégua for alcançada, veremos os tanques do lado de fora de nossas casas”, disse ele à agência de notícias Reuters por meio de um aplicativo de bate-papo de sua casa na Rua Jala, na Cidade de Gaza, a cerca de um quilômetro do bairro de Ebad-Alrahman.
Israel afirmou estar se preparando para lançar uma nova ofensiva no local, que descreve como o último bastião do Hamas. Cerca de metade dos dois milhões de habitantes do território palestino vive atualmente lá, e Israel afirmou que eles serão instruídos a sair.
Milhares já partiram, mas líderes religiosos na cidade disseram nesta quarta-feira (27) que permanecerão no local, pois deixar a Cidade de Gaza e “tentar fugir para o sul seria nada menos que uma sentença de morte”.
“Por esta razão, o clero e as freiras decidiram permanecer e continuar a cuidar de todos aqueles que estarão nos complexos”, afirmou um comunicado conjunto do Patriarcado Ortodoxo Grego e do Patriarcado Latino de Jerusalém.
Em um comunicado nesta quarta-feira (27), o porta-voz árabe do exército israelense, Avichay Adraee, afirmou que “a saída da Cidade de Gaza é inevitável” e que Israel começou a facilitar a entrada de tendas no território.
“Antes de passar para a próxima fase da guerra, gostaria de confirmar que existem vastas áreas vazias na Faixa Sul, assim como nos campos centrais e em Al-Mawasi. Essas áreas estão livres de tendas”, disse ele, abordando as preocupações dos moradores com a falta de espaço nas áreas central e sul.
Autoridades palestinas e das Nações Unidas afirmaram que a Faixa de Gaza precisava de cerca de 1,5 milhão de novas barracas.
O enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, disse na terça-feira (26) que Trump presidiria uma reunião sobre Gaza na Casa Branca nesta quarta-feira e acrescentou que Washington espera que a guerra de Israel no território palestino seja resolvida até o final do ano.
O Departamento de Estado dos EUA informou separadamente que o secretário de Estado, Marco Rubio, se encontraria com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, em Washington.
Não ficou claro quem estaria presente na reunião com Trump.