Uma longa história. Assim, o subtítulo do livro-raridade que tenho em mãos, “A Catedral Metropolitana de Manaus” de autoria do renomado historiador Mario Ypiranga Monteiro. Esta preciosidade é datada de 1958. Presenteou-me a amiga Maria José Avelino achando que faria melhor proveito desta “historia tão linda”, segundo suas palavras. Relatos de nosso primeiro monumento, hoje tombado como patrimônio histórico cultural e religioso da terra através da lei nº 878 de 30/12/1950. A mencionada lei declara: “O templo fica sob o amparo do Estado no que tange à sua conservação”. Friso que o respeito às leis é dever de todo o cidadão. Em qualquer segmento da pirâmide social.
Onde a lei não é cumprida, ou não se faz cumprir, reina a anarquia ou o capricho do que manda, já o afirmava o pensador contemporâneo Gasset. É imprescindível recordar que há dez anos a conservação da Catedral de Manaus inexiste. Precariedade na pintura (interna e externa), na refrigeração, no telhado, teimando em mandar goteiras múltiplas a arruinar até peças da anterior restauração, na segurança do Largo… Nem com o esforço de fiéis, nada ali pode ser executado em obras se estas não forem aprovadas pelos órgãos públicos competentes.
E estes, parodiando frase da “Enciclopedia del Românico al Gótico” do arquiteto e escritor espanhol Paredis “alguns, com a sensibilidade glacial de um texto de informática, comem o granito de nossa história por insensatez ou leviandade”. No entanto surge a boa notícia da 2ª edição do livro já referido de Mario Ypiranga. Feita seja a justiça, a Fundação Municipal de Cultura e Artes (Prefeitura de Manaus) com o compromisso de fomentar a cultura e promover a leitura “lança dia 21 no “Café Les Artistes, a “A Catedral de Manaus e sua Longa História” de Mario Ypiranga. Livro ampliado, tendo cartas e fotos pastorais inéditos. E isso dá alento diante da ganância de alguns lojistas, a inundar o entorno do Largo da Matriz com barraquinhas de Bangadlesh. Bem diz na orelha do livro, D. Luiz Soares Vieira. “Enriquecemo-nos todos com a possibilidade de possuir e ler uma parte da história de Manaus. Perder as raízes significa perder a identidade cultural.
Se quisermos continuar a ser amazonenses precisamos conhecer o que aconteceu para estarmos aqui. Para nossa cidade ser o que é. Eterna gratidão a Mario Ypiranga Monteiro e sua filha Marita Socorro Monteiro”. Para cientificar-se da importância da construção das Catedrais no mundo é necessário transcrever um trecho do livro de José Paredis “A Luz e o Mistério das Catedrais”. “Percorremos templos carregados de simbologia. Através de seus arcos, pinturas, vitrais, imagens, esculturas… As razões de ser desses locais possui uma rica configuração nas civilizações. Em cada lugar se respira o ideal que durante séculos movia povoações inteiras focadas na construção de seus edifícios. Nessa marcha transformavam a história da cidade. Mudavam a fisionomia e a identidade da localidade. Com o tempo convertiam-se em custódias de sua história”… Em todo mundo elas são guardiães da memória histórica.
Existiam cidades que ficavam super povoadas graças ao trabalho de erigi-las. Era o Fiat lux das vilas e províncias. Onde melhor se descrevia o paradigma bíblico. Faça-se a Luz! Em Manaus, também, o desenvolvimento e o progresso da cidade deu-se por intermédio do primeiro monumento. Em 15 de Agosto de 1995, Em épocas anteriores ao ciclo de ouro da borracha. A Catedral sempre esteve ali, abraçando o rio. E durante as largas épocas de estagnação financeira. Sempre com a dignidade que o sagrado lhe confere permanece ali, fiel. Como Pietá, mesmo em épocas difíceis.
A Catedral da Imaculada da Conceição, essa que transformou para melhor a história da cidade de Manaus. Essa só a merece quem a enxerga com os olhos da alma… A restauração foi executada no ano 2000 . De lá pra cá o bem público é tombado pelo IPHAN, nada mais foi feito segundo os ditames de restauradores. A idéia também foi em que todos conheçam o que significa a berlinda, sempre acompanhada pela Marinha pois a Imaculada Conceição é MADRINHA do “CISNE BRANCO” Antes ia em comum andor. Hoje num projeto valioso de Jair Jacqmont, tem a forma de um barco mostrando que os rios são nossas estradas e dentro vai a virgem devidamente ornada com flores.