Seguindo nossa Volta ao Mundo por meio das regiões produtoras do vinho, nesta semana trago para vocês, leitores, um pouco da História do Vinho num país repleto de tradição e ousadia quando falamos de vinhos: A Espanha.
A relação da Espanha com o vinho é antiga. Vem desde a época em que os romanos dominaram a Península Ibérica. Mas bem antes disso já havia videiras na região. De fato, há registros de que elas são por lá cultivadas desde aproximadamente os anos 4.000 ou 3.000 a.C.
O início da vinicultura na Espanha está diretamente ligado à história do vinho de Jerez, uma importante variedade produzida no país. Calcula-se que por volta do ano 1.100 a.C, a Civilização Fenícia (que habitava a região) começou a desenvolver vinhos a partir de uvas locais.
Posteriormente, durante o Império Romano (até o ano 395 d.C.), as bebidas produzidas na região hispânica ganharam reconhecimento, sendo exportadas e trocadas em todo o velho continente
Plínio, o Velho, naturalista considerado o primeiro crítico de vinhos da história, fazia referência em seus escritos à qualidade dos rótulos vinificados na Catalunha.
Um pouco mais de história
A produção se estagnou durante os séculos seguintes graças à invasão dos mouros, que proibiram o consumo de álcool no território, assim a bebida sobreviveu graças a uma pequena produção para atender aos cristãos. A vinicultura comercial só seria retomada anos depois, durante a reconquista da Península Ibérica, por volta do ano 1200.
Nos séculos seguintes, o vinho Jerez se tornou um artigo valioso, sendo exportado principalmente para a Inglaterra. Isso possibilitou o crescimento da produção vinícola espanhola por muitos séculos.
Na era da colonização do continente americano, durante os séculos 17 e 18, a Espanha passou a exportar vinhos para suas colônias como forma de expandir ainda mais o mercado de vinhos.
No século 19, quando a filoxera atingiu os vinhedos da França, alguns produtores migraram para a Espanha, levando consigo além de variedades de castas, suas técnicas de vinificação. Mais tarde, a doença chegou à Espanha, mas se espalhou de maneira lenta, devido à distância entre as regiões produtoras.
Insetos e guerras
Foi um período difícil para a viticultura espanhola, além da filoxera ( inseto que ataca as raízes e folhas da videira, causando a destruição do sistema radicular e, consequentemente, a morte da planta. Originário da América do Norte, ele foi lançado na Europa no final do século XIX e causou uma grande crise na indústria vitivinícola. A praga se seguiu rapidamente por todo o continente e foi responsável por destruir milhões de hectares de vinhedos). Além disso, vieram a Guerra Civil Espanhola e a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, que influenciaram todo o sistema econômico e produtivo do País.
Nos anos seguintes, gradativamente a produção foi retomada, porém os vinhos espanhóis só ganhariam fama por volta da década de 1970, graças a uma excelente safra da região de Rioja.
Mas os avanços não pararam por ai, desde a década de 1990, a indústria vinícola entrou em um processo de modernização no campo, nas regras e regulamentação do setor, fazendo com que a Espanha se tornasse o berço de alguns dos vinhos mais prestigiados do mundo.
Hoje a Espanha é o 3º país entre os países produtores de vinhos, sendo quase 50% dessa produção, exportada para outros países como Itália, Alemanha, França, Portugal e Brasil.
Uvas espanholas
Parte do sucesso dos vinhos espanhóis se deu graças a castas importantes que se desenvolveram na região. Algumas delas estão entre as mais cultivadas do mundo, e são símbolo da qualidade dos rótulos do país.
Embora a maior quantidade de vinhedos plantados seja de cepas brancas – dentre as principais, Verdejo, Albariño, Xarel-lo e Viura – não se pode negar que a fama dos vinhos espanhóis está ligada às uvas tintas genuinamente espanholas, como Tempranillo, Garnacha, Monastrell, Cariñena, Graciano, Mencía e Mazuelo. Mas também se produzem muitos rótulos a partir da internacionais Cabernet Sauvignon, Merlot, Sauvignon Blanc e Chardonnay.
Merece destaque a Tempranillo, cepa emblemática do país, cultivada extensamente por todo o Norte e Centro da Espanha. Com sua casca mais grossa e baixa acidez, quando plantada em áreas de clima moderado, mostra sua melhor faceta.
Seu nome vem da palavra “tempro”, que significa “cedo”, provavelmente pelo fato de que a Tempranillo amadurece antes das outras variedades. É a espinha dorsal de muitos rótulos espanhóis.
Regiões produtoras mais relevantes
Sendo a Espanha o país com maior área de vinhedos do mundo, distribuídos por todo seu território, não é de se espantar que haja muitas áreas produtoras. Na verdade, costuma-se dividir o mapa vitivinícola espanhol em macrorregiões. São elas: La Rioja, Navarra, Aragón, Cataluña, País Basco, Galícia, Castilla y León, Castilla La Mancha, El Levante, Andaluzia, Extremadura, Ilhas Canárias e Ilhas Baleares.
La Rioja é uma das mais importantes macrorregiões e foi a primeira a receber o status DOCa em 1991 mas deixaremos para uma próxima oportunidade para falar das principais DOs espanholas pela grandiosidade, complexidade e riqueza.
Em breve retornaremos a este incrível país, mas antes, continuaremos em nossa Volta ao Mundo com o Vinho.
Um abraço, um brinde e até a próxima!!