“A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer têm com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, saciaremos o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos” (Papa Francisco, Mensagem CF 2023)
“Vida em Primeiro Lugar”; “Você tem fome e sede de quê?”. O 29º Grito dos Excluídos veio, mais uma vez, ecoar que a Vida está sempre em primeiro lugar. A vida é dom de Deus, pois tudo é irradiação de seu amor. A vida humana, as criaturas são um dom! Toda a vida é sinal da vida de Deus que se expande pelo universo. Mais que a “minha vida”, é a vida de todas as pessoas, de todos os seres, que importa. A celebração fez ecoar a realidade apontada pela Campanha da Fraternidade deste ano: a fome! “Você tem fome e sede de quê?”. Muitas são as fomes.
A percepção e a sensibilidade para com os irmãos e irmãs que passam fome desperta para a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais (Papa Francisco), mas para uma permanente ação de transformação e inclusão. Políticas públicas que possibilitem emprego, moradia, lazer, cultura, saúde, cuidado com o meio ambiente. A necessidade de mudanças estruturais para que possa acontecer a Vida, na vida das pessoas.
A cultura e o lazer elevam a dignidade das pessoas, oportunizam os anseios e sonhos. Despertam para a significação do existir humanos, para valores que harmonizam as relações sociais. É que teatro, música, pintura, escultura, cultivam o humano do humano. Contemplando com os olhos do Evangelho, o divino do humano. Deixam vir à luz os encontros, as desatenções, as colorações, as vibrações da humanidade.
“Você tem fome e sede de quê?”, foi o ecoar. Talvez, sede de cultura e lazer. Mas, continua a necessidade de ecoar: “Ainda hoje, milhões de pessoas sofrem e morrem de fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável” (Papa, 2014). A fome! É admirável o esforço de irmãos e irmãs, das nossas comunidades, para que todos tenham o mínimo para viver. O esforço e cuidado contínuo, para que tenham a vida em plenitude!
A presença de muitos irmãs e irmãos, de muitos jovens, nos leva crer na responsabilidade comum que temos em relação às políticas públicas. A responsabilidade comum e solidária no cultivo da democracia, no respeito aos povos originários, na preservação dos direitos e no cuidado da ecologia integral.
A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR! Ela é dom de Deus!