A celebração dos 58 anos da Zona Franca de Manaus, sob a batuta competente da Suframa com seus acertos e avanços significativos, nos convida a olhar para a Amazônia, para além das nossas vinculações com a Amazônia Ocidental mais o estado do Amapá. Entre as descobertas e certezas consolidadas, a maior lição desta jornada é de que precisamos trabalhar mais próximos, fortalecendo o que temos em comum e transformando nossas diferenças em ingredientes que irão fortalecer nossa comunhão de conectividade na diversidade.
Fortalecendo laços e enfrentando desafios
O artigo publicado neste domingo em O Globo, assinado por Mariano Cenamo, especialista em bioeconomia e cofundador do IDESAM, e Adnan Demachki, ex-prefeito de Paragominas (PA), reforça um caminho que há muito defendemos: o fortalecimento da bioeconomia como estratégia para integrar e impulsionar o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A proposta de uma Zona Franca da Bioeconomia no Pará, uma ideia com a qual podemos demonstrar como os incentivos fiscais e políticas industriais podem ser direcionados para valorizar os ativos biológicos da floresta em pé, agregando valor e promovendo prosperidade para toda a região.
Lições e parcerias
A Zona Franca de Manaus (ZFM), com quase 60 anos de existência, tem sido um pilar fundamental para a economia da Amazônia Ocidental, representando 30% da atividade econômica de toda a Região Norte. Esse modelo industrial trouxe aprendizado e estruturação produtiva, demonstrando que a combinação entre incentivos, inovação e mercado pode gerar crescimento econômico em harmonia com a floresta. Agora, ao expandirmos esse conceito para a bioeconomia, criamos uma nova programação estratégica de desenvolvimento, capaz de articular crescimento econômico e prosperidade social para a Amazônia como um todo.
Cadeias produtivas e de valor
A proposta apresentada no artigo traz uma clareza importante: o desafio não está apenas em explorar produtos da biodiversidade, mas sim em desenvolver cadeias produtivas que agreguem valor localmente, rompendo com a histórica exploração extrativista predatória. O fortalecimento de incentivos à industrialização e inovação tecnológica dos bioativos amazônicos pode transformar a economia da região, gerando empregos de qualidade e promovendo inclusão social.
Eixo estruturante
A bioeconomia precisa ser compreendida como um eixo estruturante do futuro da Amazônia. Com nossa experiência fabril consolidada, temos capacidade, conhecimento e infraestrutura para apoiar e ampliar qualquer cadeia produtiva baseada na biodiversidade. O desafio agora é garantir que todos os estados da Amazônia possam se beneficiar desse novo modelo econômico, garantindo segurança jurídica, políticas públicas eficazes e acesso a mercados globais.
Realidade sustentável e competitiva
O artigo de Cenamo e Demachki abre um debate necessário e urgente. A integração econômica da Amazônia depende de uma visão estratégica que reconheça a complementaridade entre os diferentes polos produtivos da região. Esse é um movimento que precisa ser acelerado e fortalecido por meio de parcerias e políticas públicas que consolidem a bioeconomia como uma realidade sustentável e competitiva.
Um modelo sólido e perene
A bioeconomia não pode ser um experimento isolado, mas sim um compromisso amplo, envolvendo governos, empresários, pesquisadores e comunidades locais. Precisamos construir um modelo sólido e perene, capaz de colocar a Amazônia na vanguarda mundial do desenvolvimento sustentável.
Fortalecer, integrar e impulsionar
Estamos preparados para essa nova fase, a despeito de picuinhas e desinformação que se esvaziarão na medida em que as mangas estiverem arregaçadas. E o compromisso é claro: fortalecer, integrar e impulsionar a economia e a bioeconomia amazônica como um caminho de desenvolvimento integrado e integral para o Brasil e para o mundo.
Nelson Azevedo é economista e líder empresarial no setor metalúrgico, metalomecânico e de materiais elétricos de Manaus – SIMMMEM, conselheiro do CIEAM, da CNI e vice-presidente da FIEAM