“Consolai, consolai, meu povo! Falai ao coração de Jerusalém e dizei em
alta voz que sua escravidão terminou e a expiação de suas faltas foi cumprida!”
(Is 40,12a). Isaías, no livro da Consolação, anuncia esperança para os
israelitas. Reacende nos exilados a chama do mistério da eleição divina. É
anúncio, a recordação, de que Deus continua a amar seu povo, apesar das
infidelidades e dos seus pecados.
Deus por vir, Deus vem! Ele vindouro! Advento é tempo de espera,
tempo de esperança. “Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da
casa vem” (Mc 13,33-37). Ad-vento celebração do Deus que vem! O Senhor
veio e se tornou a presença inefável na nossa humanidade e fragilidade. A
crença de que o Senhor chegou e visitou, chegou e se fez morada na
humanidade, concede a disposição da preparação e do significado da hora
inesperada da chegada de Deus. Entrar mais uma vez na espera para ser
tomados pela admiração da presença pequena, singela, simples de Deus em
Belém.
O advento suscita o desejo de deixar-se guiar pela Luz, Deus criança!
Luz que ilumina toda a pessoa vinda ao mundo. Ela resplandece tênue,
singela, cândida! Na sua singeleza, uma luminosidade toda própria: Deus
humanado, encarnado, carne da carne!
O caminho até Belém será a possibilidade do revestimento da presença
humana-fragilizada da Criança envolta em faixas e deitada numa manjedoura.
Ela provoca a tomar as vestes da simplicidade, da candura e da proximidade.
Deus veio; está sempre por vir; está vindo sempre. O vir, indica o desejo de
Deus de encontrar-se com toda pessoa para ser consolo, libertação e perdão.
Por isso, o advento é exercício de espera, de expectativa, de preparação, no
desejo do encontro. No encontro, encontrados: nascer de Deus!
O Advento renova o convite de viver à espera de Jesus, a aguardar a sua vinda, a manter-
se na disponibilidade e na liberdade para o encontro com Deus na nossa humanidade!
Disponibilidade e liberdade que possibilitam uma vigilância benévola para a preparação
do mistério do Natal. Somos convidados a nos voltarmos vigilantes em oração e
exultantes no louvor, àquele que vem. (cf. Prefácio do Advento II).
É uma preparação, um caminhar, que pode levar ao encontro e à admiração: “está envolto
em panos, e nos veste de imortalidade; está mamando, e o adoram; não encontrando lugar
na pousada, fabrica seus templos nos corações dos crentes. Para que se fortalecesse a
debilidade, se debilitasse a fortaleza. Assim, acendemos nosso amor para que alcancemos
a sua eternidade” (Sto Agostinho, Sermão 190,4). Na contemplação, nasce a admiração,
que exclama diante do presépio: “Nós vimos a sua glória, glória que lhe vem do Pai,
como Filho único cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14b).
Preparemos nas nossas casas um sinal do caminhar para Belém! Aqueles sinais que
rememoram o nascer de Deus, o Natal do Menino Deus; os sinais do presépio. A família
reunida contemplando a razão da esperança, da realização das promessas, o sinal da fé, a
presença consoladora! A disponibilidade familiar que suplica agradecida: “Vem Senhor
Jesus”, Menino Deus!
Cardeal Leonardo Steiner