“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo” (Mt 13,44).
O tesouro escondido no campo! Escondido à espera de alguém que o encontre, o descubra. O tesouro que antecede a qualquer procura. Uma manifestação límpida de alguém que é encontrado pelo tesouro. Sentindo-se encontrado pelo tesouro, o homem guarda no recolhimento de seu coração, vai e desfaz de tudo o que tem para permanecer junto ao tesouro, agora razão de seu viver. A alegria transformativa faz deixar tudo para não perder o tesouro que tomou posse de seu coração. O tesouro, agora, é vida, o seu habitar, o seu habitat.
Um tesouro, uma preciosidade, um valor inestimável, algo inimaginável. Os tesouros escondidos que surpreendem, que encantam, que despertam a alegria, a razão de existir. Quando uma pessoa encontra um tesouro, a riqueza mais preciosa, o fim último do próprio existir, o valor fundamental pelo qual renuncia a tudo o que possui, se dispõe a entregar tudo, para permanecer na proximidade do tesouro. É o fascínio, a atração, o encanto, que o tesouro desperta, quando encontrado! Ao ser encontrada a pessoa permanece na cercania, sem possuí-lo, mas ser por ele possuída.
Encontrada pelo tesouro, a pessoa percebe que é o que procurava, que buscava e que dá sentido, que corresponde às suas aspirações mais altas e profundas. O tesouro do encontro desperta alegria e a beleza; a pessoa permanece fascinada, atraída por tanta bondade, tanta verdade e tanta beleza.
O tesouro renova a vida e expande os horizontes. Aqueles que encontraram o tesouro têm um coração criativo e buscador, que não repete, mas inventa, segue novos caminhos. que nos levam a amar a Deus, a amar os irmãos e irmãs, a natureza. O sinal daqueles que seguem a vereda do tesouro, é a criatividade, avançando sempre mais. E criatividade é aquela que ganha a vida e oferece vida. Sempre encontra novas formas e modos diferentes de servir. Jesus, o amor do Pai, é o tesouro escondido e a pérola de grande valor, que suscita alegria incontida: a alegria de descobrir um sentido para a própria vida, a alegria de se sentir comprometido com a aventura da santidade (Papa Francisco).
Uma terciária franciscana, escreveu: “Tu me cativaste, me seduziste, e eu me deixei seduzir”… (Jr 20,7). Tu foste, pouco a pouco, tomando conta de mim, até me tomar toda. Se eu tenho ainda alguma coisa que não te entreguei, toma-a. Não quero reter nada, toma tudo. Não tenho culpa de me ter apaixonado por ti. Pelo menos nisso, tu és mais culpado do que eu. Tu me amaste primeiro” (Livro de Marina, p. 237). Que tesouro! O tesouro que envolve e envia pelo caminho da plena realização. Eu amo os vossos mandamentos, mais que o ouro, o ouro mais fino (Sl 118).
Cardeal Leonardo Steiner
Arcebispo de Manaus