Portugal com seus vinhos, sua rica culinária e uma grande diversidade, sendo um país tão pequeno, já é encantador. Mas pensar em uma diversidade tão grande em somente uma região? Assim é o Alentejo, uma diversidade de clima, solo, estilos e também uma das regiões mais modernas de Portugal.
Como tudo começou
A história do Alentejo é muito antiga e está ligada ao vinho desde sempre. Uma história complicada e com altos e baixos que fizeram a região ser o que é hoje. Sítios arqueológicos mostram que o Alentejo é uma região produtora de vinho muito antiga e que quando os romanos chegaram à região, já existia a cultura do vinho muito bem difundida.
Acredita-se que quem introduziu as vinhas na região foram os tartessos, seguidos pelos fenícios. Após esse período os gregos tomavam conta da região, o que pode ser percebido pelas ânforas de barro com influência grega que estão catalogadas como achadas na região. Foram os romanos que difundiram a técnica de fermentar o vinho em talhas de barro, cultura que existe até hoje, onde se fazem vinhos sem intervenção e com a maior pureza possível.
Vinhos de talha do Alentejo
Deparar-se com talhas de barro, destinadas à fermentação do mosto e ao armazenamento do vinho, ainda é um procedimento normal em algumas adegas de Alentejo, apesar de ser um processo bastante antigo. Este tradicional sistema vem desde o período romano, como atestam vestígios datados dessa época, mais especificamente de uvas descobertas nas ruínas de São Cucufate, perto da Vidigueira e redondezas.
Tradicionalmente, para produzir o vinho de talha, as uvas são esmagadas (normalmente pelo sistema de pisa) antes de serem colocadas no recipiente. Vindo de uma tradição ancestral, tende-se a não fazer intervenções no vinho, portanto, espera-se que a fermentação se inicie naturalmente por meio das leveduras indígenas. Assim que a fermentação começa, o chapéu, ou seja, peles e outros restos sólidos da uva e seu cacho, sobe devido ao gás carbônico até a boca da talha. Essa “manta” costuma ser mergulhada pelo menos duas vezes ao dia até o fim da fermentação, quando ela desce para o fundo do recipiente.
Nesse momento o processo é dado como terminado e um pano ou uma placa de madeira é colocado para tampar a talha. Antigamente se “isolava” o vinho com uma capa de azeite de oliva de cerca de 3 cm, algo raramente feito hoje em dia.
Esta parte sólida auxilia na filtragem do vinho que tradicionalmente vai da talha direto para a taça por meio de uma torneira fixada na parte final da talha.
Os vinhos de talha, assim como outros estilos de vinho produzidos de forma quase ancestral, vivem um renascimento nos últimos anos.
A pouca intervenção faz com que sejam vinhos muito francos, de fruta muito presente e direta, e, devido à talha e ao processo de produção, geralmente apresentam toques ligeiramente minerais e oxidativos.
A Região
Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante. Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas.
As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos. Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofrem um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura.
As uvas do Alentejo
O blend tinto mais tradicional do Alentejo é composto por Aragonês, Trincadeira e Castelão. Nos últimos anos, a adição de Touriga Nacional, Syrah e Alicante Bouschet tem sido mais comum.
Quando jovens, os tintos do Alentejo apresentam coloração profunda, notas intensas de frutasnegras e/ou vermelhas maduras, boa estrutura e, ainda assim, costumam ter taninos de textura suave.
Brancos produzidos a partir de Arinto e Antão Vaz têm intensas notas que lembram mel, mostrando, via de regra, acidez refrescante, além de serem aromáticos (por conta da Arinto). Quando fermentados ou estagiados em madeira, ganham textura, volume de boca e complexidade.
Aragonez – Conhecida na Rioja como Tempranillo, no Dão e Douro como Tinta Roriz e Abundante na região de Lisboa. Gera vinhos elegantes e vigorosos, com notas de frutas vermelhas e especiarias.
Alicante Bouschet – Apesar de não ter origem portuguesa, alguns dos melhores vinhos do Alentejo utilizam esta casta, que dá vinhos grandes, cheios de cor, de textura, de volume e de intensidade.
Castelão – Variedade de uva mais plantada em Portugal, esta cepa versátil pode produzir vinhos frutados, suculentos, em geral, com toques animais e de couro. Geralmente, tem boa acidez e taninos marcantes, podendo ser bebido tanto jovem quanto envelhecido.
Arinto – Gera vinhos intensos e vibrantes, de elevada acidez, cheios de frescor e, geralmente, com bom potencial de guarda.
Antão Vaz – Em geral, aporta estrutura e volume. Quando é vinificada buscando uma fruta mais fresca, dá origem a vinhos austeros e de acidez vibrante. Muitas vezes, é fermentada e/ou estagiada em madeira.
Alguns Vinhos do Alentejo
Sericaia Tinto – vem de pequenas e médias vinhas nas montanhas do Alentejo, na serra de São Mamede, a cerca de 800 metros acima do nível do mar. É notadamente diferente dos alentejanos de planície por se mostrar mais fresco e elegante, sem o tradicional ataque doce que caracterizam muitos vinhos da região.Tinto cheio de fruta madura, com notas de torrefação, Corte de Aragonez, Alicante Bouschet eTrincadeira, Sericaia tem estilo gastronômico, podendo acompanhar uma grande diversidade de pratos, principalmente à base de carne vermelha.
Trinca Bolotas – o vinho tinto, que é um blend de Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Aragonez, destaca fruta viva, notas de especiarias e acidez fresca. Devido aos seus taninos suaves e ao enorme equilíbrio, acompanha bem pratos leves, como aves e pastas, passando para os embutidos, presuntos e pratos de carne da gastronomia mais elaborada.
Poliphonia Reserva – A linha Poliphonia é uma grande expressão do terroir alentejano! Vinho de cor ruby profunda. Seu aroma é marcante, com notas de frutos vermelhos bem maduros, especiarias e um toque de eucalipto. O paladar é estruturado, porém muito elegante. Seus taninos são de alta qualidade e bem polidos. É um corte de Syrah, Aragonez e Alicante Bouschet e é sem dúvidas um grande vinho.
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Um abraço, um brinde e até a próxima!!