“Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais!” (Mt 10,26-33).No envio, na missão recebida, no caminhar pelas incertezas deixam nascer receios, medos. Jesus a confortar: “Não tenhais medo!”.
Jesus sempre transmitia esperança, confortava, buscava espantar o medo que se aninhava nos pobres, nos famintos, nas viúvas e nos órfãos. E repetia e animava e espantava o medo: Tem fé: a tua fé te salvou; Vai em paz, não voltes a pecar; Não julgueis, vive em paz.
São muitos os medos que fazem as pessoas sofrer em silêncio, no escondimento. Medo do sofrimento, medo da fome, medo da perda do amado ou da amada, medo da perda dos filhos, medos do desamparo, medo do futuro, medo da morte.
No medo a vida definha, se apaga; a alegria desaparece. O medo causa danos, distância da convivência. Uma vida tomada pelo medo definha. O medo afasta da solidariedade, da bondade, da partilha. O medo afasta de Deus! O medo pode tomar conta da pessoa humana, crescer e deteriorar os dias.
Cresce quando cresce no coração a desconfiança, a insegurança, a falta de liberdade interior, a fecundação da Palavra de Deus. O medo que pode ser o problema central do ser humano, pode ser vencido, libertar, enraizando a vida em Deus que se oferece como o bem, todo o bem, somente o bem.
O seguidor, a seguidora, de Jesus se deixa guiar pela vida em plenitude, não pela morte. Não se deixa vencer pelo medo da morte física. O que é decisivo, para o discípulo, não é que os perseguidores o possam eliminar fisicamente, mas perder a possibilidade de chegar à vida plena, à vida definitiva.
A confiança supera o medo! Deus cuida dos pássaros, dos lírios do campo. É tocante a ternura e a preocupação de Deus por todas as criaturas, mesmo as mais insignificantes e indefesas. Ele conhece na profundidade o ser humano. Ele conhece de forma única, profunda, os problemas, as dificuldades da pessoa humana. Deus um “Pai”, cheio de amor e de ternura, sempre devotado em cuidar dos seus “filhos e filhas”, proteger.
“Não tenhais medo!” O cristão não se ilude com a situação do mundo. Não se engana. Conhece a força do mal, mas sua fé em Deus o ajuda a não esquecer que o mundo não está abandonado à desgraça. Ele é chamado a transformar as realidades, a inspirar confiança. Com efeito, às vezes sentimo-nos presos num sentimento de desconfiança e angústia: é o medo de falhar, de não ser reconhecido e amado, o receio de não ser capaz de realizar os próprios projetos, de nunca ser feliz. Lutamos para procurar soluções, para encontrar algum espaço onde sobressair, para acumular bens e riquezas, para alcançar seguranças. Confiar no Pai, que oferece tudo aquilo de que realmente se tem necessidade. “Não tenhais medo”: eis a certeza à qual o coração deve apegar-se! (cf. Papa Francisco, Angelus, 07/08/2022)