Quando falamos em vinhos do Douro, tenho quase certeza que a sua imaginação te transporta para uma terra de lindos vinhedos, harmonicamente plantados em uma região montanhosa cortada pela silhueta do rio.
Não é de se estranhar que essa imagem venha à sua mente. Classificado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, o Douro é cercado de histórias: elabora vinhos há mais de 2 mil anos e foi a primeira região demarcada no mundo.
Um pouco da História
A história das vinhas da Região do Douro tem milhares de anos. Há registos de vestígios de videira nesta região há cerca de dois mil anos e remontam à época da ocupação romana deste território, desde o século I, de que é exemplo a Villa Romana fortificada da Fonte do Milho, em Canelas, Régua.
Nesta Villa, numa dependência rústica, foi descoberto um lagar de vinho. Esta descoberta vem estabelecer, com toda a segurança histórica, o começo da enorme Epopeia da Vinha e do Vinho, no Alto Douro Vinhateiro, hoje Patrimônio Mundial.
Com a invasão muçulmana, a produção de vinho foi praticamente abandonada, porque o Alcorão proibia a ingestão de bebidas alcoólicas.
A partir do ano de 1142, plantaram os monges de Cister, os primeiros vinhedos do Douro, numa herdade junto à foz do Varosa, hoje Casa dos Varais.
Trata-se da primeira quinta no Douro, a produzir o chamado “vinho cheirante de Lamego”, hoje denominado Vinho do Porto, por ser exportado, a partir desta cidade.
Início da DOC Douro
Em 1756, 10 de Setembro, o Marquês de Pombal, primeiro-ministro do Rei D. José I, cria a Real Companhia Velha, a qual estabelece a primeira região vinícola demarcada do país, com a instalação dos célebres marcos pombalinos (335). Esta detém até 1865, o exclusivo da produção e distribuição dos vinhos da região.
A Real Companhia Velha é companhia única: a sua história é, praticamente, a História do Vinho Porto. É proprietária de várias quintas no Douro, entre elas a Quinta das Carvalhas. Esta propriedade, em frente ao Pinhão, de grande beleza, tem o seu topo a 550 metros de altitude, onde se localiza a famosa Casa Redonda, e de onde, se desfruta uma espetacular vista panorâmica de 360º.
Os Vinhos do Douro
O Douro é berço de uma variedade de tintos, os tintos do Douro ou Douro Tinto, que são vinhos mais encorpados, frutados, tânicos e dignos de envelhecimento, resultado de combinações das diversas castas famosas da região e algumas castas nativas e não registradas, verdadeiras relíquias de cultivos antigos.
Já os vinhos brancos do Douro têm corpo leve, são minerais e frescos, podendo ser mais encorpados ou não, dependendo do tempo de barrica ou mesmo se passa ou não por carvalho.
Mas, é impossível falar do Douro e não citar o VINHO DO PORTO.
OS PORTOS
Falar do Vinho do Porto é falar de algo que define um povo. É um trabalho de gerações que resultou de muitas experiências e saberes, um símbolo.
O Vinho do Porto é único, embora outros vinhos fortificados possam ter forma semelhante. No entanto, só os vinhos produzidos na Região do Douro podem ser chamados Vinho do Porto.
O Vinho do Porto é diferente porque a fermentação não é completa, sendo parada no início e adicionada depois uma aguardente vínica. Por isso é que o Vinho do Porto é naturalmente doce e mais forte do que os vinhos tradicionais. É um excelente aperitivo e acompanhamento com queijos, sobremesas e frutos secos e também um ótimo digestivo, para finalizar da melhor forma uma refeição.
Para dar vida a alguns dos melhores vinhos do Porto, o Douro investe na combinação de uvas como a Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz (Tempranillo), Tinta Barroca e Tinto Cão. E os vinhos são classificados como:
Porto Ruby – É um vinho não safrado e que só chega ao mercado após passar dois ou três anos em madeira. É recomendado ser consumido ainda jovem, para não perder seus aromas.
Porto Tawny – Muito mais elegante que o Ruby, este vinho passa cerca de seis anos em barrica de madeira e sofre com oxidação. Esse processo oferece ao vinho aromas de especiarias e de frutas secas.
Porto Tawny 10, 20, 30 e 40 anos – Uma combinação de vinhos do Porto Tawny de safras diferentes. Os anos na sua descrição remetem ao tempo de envelhecimento.
Porto Late Bottled Vintage ou Porto LBV – Um vinho safrado, envelhecido entre 4 e 6 anos em barricas de madeira.
Porto Vintage – Vinho de grande complexidade, elaborado apenas em safras de grande qualidade. Só podem ser classificados como Vintage, os vinhos autorizados pelo Instituto do Vinho do Douro e do Porto.
A Região
Douro possui 250 mil hectares de área, sendo 43 mil dedicados à viticultura. Por lá, estão reunidas mais de 100 variedades de uvas autóctones. Com tanta história e vida, preparamos um guia com tudo o que você precisa saber sobre essa região portuguesa.
O Douro está localizado na região nordeste de Portugal, fazendo fronteira com a Espanha. A região ganhou esse nome devido ao Rio Douro que atravessa o local e possui 897 km de extensão, sendo 213 km no território português.
A região se divide em três sub-regiões principais: o Baixo-Corgo, Cima-Corgo e Douro Superior.
O Baixo-Corgo possui 30% de todos os vinhedos da região. Considerada o berço da produção de vinhos do Douro, é a sub-região que mais elabora vinhos do Porto.
Com solo de xisto, perfeito para o enraizamento das vinhas, a região é a que mais tem influência do Oceano Atlântico, com ar fresco e chuvas elevadas. Os vinhos produzidos nessa região, são mais jovens e frescos, com muita fruta.
Cima-Corgo é a região central do Douro, está entre o Baixo-Corgo e o Douro superior, e possui 47% dos vinhedos de toda a área. Os vinhedos estão plantados em um relevo acidentado, no solo de xisto, com clima mediterrâneo.
Por ser mais seco que o Baixo-Corgo, a região produz menos, mas entrega vinhos de extrema qualidade. A falta de chuvas, faz com que as uvas fiquem mais concentradas, dando origem a grandes e elegantes vinhos, com alto potencial de guarda.
O Douro Superior faz fronteira com o Cima-Corgo e com a Espanha e possui 23% da área de vinhedos. Distante do Oceano, esta região tem clima seco e quente, atingindo altas temperaturas no verão.
A região também sofre com poucas chuvas e produção reduzida, mas é capaz de dar origem a alguns dos melhores vinhos do Porto, na categoria Vintage.
Esta região, como pudemos observar, além de ter uma belíssima história a cerca dos vinhos, é uma das principais regiões para o enoturismo em Portugal, como duas rotas, a do Porto e a do Vinho.
Se tiveres um dia a oportunidade de estar lá, não deixe de visitar as aldeias vinhateiras do Vale do Douro, são únicas.
Espero que tenham curtido esta viagem que se encerra hoje pelo Velho Mundo e se preparem, pois a viagem continua.
Um abraço, um brinde e até a próxima!!